Pierre Rabhi nasceu na Argélia, num pequeno oásis do sul.
Muito novo moveu-se entre duas culturas. Preservando as suas raízes duma família sufi, argelina, foi educado por um casal de professoress franceses após a morte de sua mãe.
Em 1958, tendo vindo muito novo para França com os pais adoptivos, conheceu a vida operária numa fábrica de Paris mas acabou por vir a instalar-se numa província do interior, Ardèche, com a sua família, tornando-se agricultor. Orientando a sua actividade rural durante 25 anos para a agro-ecologia, tornou-se num “expert”. Veio a ser consultor de organizações internacionais e divulgou os seus conhecimentos em agro-ecologia em diversos países africanos. Ao longo da sua actividade como consultor, forneceu utensílios teóricos e práticos para a autonomia alimentar das populações, procurando reconciliar a actividade humana com a natureza.
Em 2002 lançou o “apelo para uma insurreição da consciência” e foi candidato alternativo às eleições presidenciais francesas. Tal como em 1974, Renné Dumont, célebre engenheiro agrónomo e pioneiro da ecologia, teve grande impacto sobre a vida política convencional. A problemática agro-ecológica tornou-se, a partir de então, objecto de debate alargado aos cidadãos.
A importância de Pierre Rabhi, cuja obra científica e literária é já reconhecida no mundo, está no facto de se engajar numa prática de vida, num ensino da frugalidade feliz que o tornaram numa figura emblemática: um novo Gandhi dos nossos dias.
As ideias-base de Pierre Rabhi podem resumir-se à:
- Não violência;
- Pertença inter e transcultural como atitude nova dum universalismo concreto, alimentado pelas experiências singulares vividas;
- Recusa do dogma do crescimento e defesa de um decrescimento na área das tecnologias contaminantes e de esgotamento;
- Recusa de uma modernidade em que se “vive para trabalhar em vez de trabalhar para se viver” e duma “civilização de combustão triunfante” da termodinâmica dissipativa que enjeita a realização criativa do trabalho manual e intelectual.
Rabhi desenvolveu uma acção em várias frentes. Da problemática altermundialista à intervenção local, abrangendo experiências em locais diversos como França, Marrocos, Burkina Fasso, etc. Pensar e agir criando alternativas participadas.
A palavra de ordem do movimento “Terre et Humanisme”, de que é Presidente de honra, consiste em promover experiências exemplares de agro-ecologia por todo o território - criar “um oásis em cada lugar”.
O movimento “Terre et Humanisme” tem apoiado inúmeras iniciativas em África e na Europa. Tem desenvolvido acções de formação, particularmente em agro-ecologia e na pedagogia social. Tem-se oposto à introdução de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) levando a cabo acções comuns, com várias organizações, contra as multinacionais responsáveis pela introdução dos OGM. Pierre Rabhi tem trabalhado em cooperação com a Universidade “Terre du Ciel” e tem sido uma voz activa na política favorável à consciência ecológica. Veja-se, o livro que escreveu, recentemente, com Nicolas Hullot . Trata-se de uma importante contribuição na ecosofia.
Por outro lado, encarando uma actividade prática, Pierre Rabhi realiza projectos-piloto em Marrocos, Burkina-Fasso, Mali, etc.
Actualmente, em cooperação com Michel Valentin, participa no projecto “Les Amanins”, escola de vida, quinta experimental educativa, cujo objectivo central é formar agentes de eco-desenvolvimento, dotados de intrumentos teórico-práticos para a mudança do paradigma.
No dia 22 de Agosto de 2007, depois de atravessarmos a pequena vila de Lablachère, seguimos para a casa de Pierre Rabhi, situada no lugar de Montchamp. É nesse lugar que se situa a quinta de Pierre com uma casa de construção vernacular onde encontramos a Michele Rabhi. O Pierre ainda não chegara duma reunião em Mas de Beaulieu.
A Michele mostrou-nos a pequena escola Montessori, construção pré-fabricada de madeira, que desde há 5 anos tem sido o local de trabalho de Sophie Rabhi, filha do casal. A quinta permite um contexto de apoio à formação educativa da escola. Assim, o pomar, a horta agro-ecológica, o galinheiro e as cabras constituem um complemento essencial à escolinha “Jardin d’enfants”. As crianças têm um contacto directo com o mundo rural e os produtos da quinta ajudam a complementar a alimentação das crianças.
Entretanto começamos a conversar com uma das educadoras. Ela explicou-nos: “A metodologia de ensino Montessori é amplamente articulada com inovações que surgem no contexto da quinta agro-ecológica praticada por Pierre Rabhi e também pelo olhar de novas experiências pedagógicas”.
Fomos ver a construção de uma “yurta” em lona que viera articular-se, com a sua forma redonda, à construção funcional e rectangular dos 2 pavilhões pré-fabricados em madeira.
Por outro lado, a sanita seca mostra a integração da escola no mundo rural, permitindo, no processo agrícola, a compostagem de dejectos humanos e outros nutrientes orgânicos como fertilizantes da terra. Revela-se assim o conceito de Lavoisier: na natureza nada se perde, tudo se transforma.
O “cabanon de la colère” é uma pequena cabana, um pouco isolada em que as crianças, quando estão muito excitadas, são convidadas a extravasar as suas energias e pequenas raivas. Uma espécie de catarse voluntária para acalmar os mais excitados e facilitar o ritmo da aula.
Entretanto chega o Pierre Rabhi. Recordamos a viagem a Marrocos, o estágio em agroecologia na aldeia de Kermet Ben Salem. E enquanto caminhávamos pela quinta, o Pierre relatava os programas internacionais do trabalho da Associação “Terre et Humanisme” em Marrocos, no Mali, no Senegal e Burkina Fasso.
Pode-se resumir assim a sua estratégia:
1) A mudança a partir da situação concreta em que se vive;
2) Ter consciência clara de que a felicidade terá de ser conquistada por nós mesmos;
3) Haver uma mudança essencial sobre a visão do mundo. A agro-ecologia poderá tornar-se no factor de harmonização do homem com a natureza, graças a uma ecotecnologia e a uma ecosofia.
Pierre Rabhi desenvolveu algumas ideias sobre a necessidade de se internacionalizar este conceito de criar “oásis em todos os lugares”.
Em seguida voltamos a revisitar o trabalho de Pierre Rabhi em França.
Relatou-nos a actividade desenvolvida já ao longo de anos na sede do movimento “Terre et Humanisme” em Mas de Beaulieu, onde os estágios de formação em agro-ecologia constituem a estrutura principal do trabalho.
Em 2008 irão fazer-se estágios de 6 dias:
- 14 a 19 de Abril
- 12 a 17 de Maio
- 30 a 5 de Julho
- 15 a 20 de Setembro
- 6 a 11 de Outubro
Nestes estágios dá-se uma formação abrangente de agro-ecologia:
- História da agricultura do neolítico até à actualidade;
- Noções de permacultura e biodinâmica;
E procede-se a uma prática de agro-ecologia:
- Trabalho de fertilização optimizada de solos, irrigação, compostagem, etc.
Tínhamos visitado o Mas de Beaulieu há já alguns anos. Mas, durante o ano de 2007 deu-se um salto qualitativo. Passaram pelo trabalho agro-ecológico da sede do movimento “Terre et Humanisme” mais de 200 estagiários e 160 cooperantes voluntários.
Neste período construiu-se um poço canadiano, um armazém agrícola, refizeram-se muros e plantaram-se novas árvores de fruto.
Importa referir ainda a cooperação de Pierre Rabhi no projecto intergeracional do Hameau des Buis, loteamento ecológico em torno de uma quinta agroecológica educativa. Este projecto nasceu da filha de Pierre, Sophie Rabhi e do seu marido Laurent.
A experiência de Les Amanins é uma outra iniciativa de cooperação conjunta entre Pierre Rabhi e Michel Valentin. Estes dois homens descobriram uma complementaridade que os consolidou em torno de um mesmo projecto - um centro agro-ecológico.
Num terreno de 55 hectares vai realizar-se uma experiência bio-económica onde a prática agro-ecológica se articula com uma actividade pedagógica em torno de uma escola com crianças e também à volta de ateliers de formação para adultos.
O coração do projecto é a quinta agro-ecológica . Mas também a escola do colibri, dirigida por Isabelle Peloux.
Este centro vai tornar-se uma experiência exemplar, formativa, demonstrativa e criativa para a necessária mudança de paradigma.
Será uma eco-escola em França, ao serviço de uma visão internacional do ecodesenvolvimento e da paz.
A visita que fizemos levou-nos às várias estruturas já construídas. Um centro de recepção, a futura padaria e cantina e os vários ateliers ligados à actividade agro-ecológica e à escola.
A bioconstrução integra-se num vasto plano de logística para ateliers, alojamento e protótipos de energias renováveis.
Entretanto, o Boletim de “Terre et Humanisme” tem-se expandido cada vez mais relatando além das actividades do Mas de Beaulieu os trabalhos realizados no domínio internacional.
Assim, dando provas de uma abertura intercultural e transcultural, Pierre Rabhi desenvolve a sua actividade numa perspectiva internacional e local.
São vários os países africanos onde existem, desde alguns anos, experiências exemplares orientadas segundo o trabalho de Pierre Rabhi.
A experiência no Burkina Fasso, em Goron Goron, com a implantação de um centro agroecológico, baseou-se nos recursos endógenos e na participação das populações. Tornou-se um exemplo internacional para um outro modelo de ecosustentabilidade para África.
O livro “Offrande du Crepuscule” descreve, em detalhe, esta experiência notável.
A actividade do movimento “Terre et Humanisme” alastrou-se ainda a outros países. Assim, tivemos o privilégio de vivenciar a experiência da aldeia de Karmet-Bensalem, em Marrocos onde se explicita esta prática agroecológica e de participação social criando locais demonstrativos de formação e reprodução de ecotécnicas ao nível da irrigação, compostagem e das hortas experimentais. Criam-se vários sistemas agro-ecológicos que vão desde celeiros, taludes, valados de irrigação anti-erosão, mini-crédito, etc.
No Mali, na aldeia de Tacharan, criou-se também um centro agro-ecológico, articulando várias actividades culturais como alfabetização, formação do associativismo nas mulheres e actividades de bioconstrução.
Actualmente, no Senegal, mais de 20 hortas associadas e articuladas ao Centro agro-ecológico experimental, permitiram já a formação de mais de 800 pessoas em ecodesenvolvimento. Realizaram-se 5Km de diques de irrigação anti-erosão e desenvolveram-se actividades pedagógicas com crianças e adultos.
Jacinto Rodrigues
Muito novo moveu-se entre duas culturas. Preservando as suas raízes duma família sufi, argelina, foi educado por um casal de professoress franceses após a morte de sua mãe.
Em 1958, tendo vindo muito novo para França com os pais adoptivos, conheceu a vida operária numa fábrica de Paris mas acabou por vir a instalar-se numa província do interior, Ardèche, com a sua família, tornando-se agricultor. Orientando a sua actividade rural durante 25 anos para a agro-ecologia, tornou-se num “expert”. Veio a ser consultor de organizações internacionais e divulgou os seus conhecimentos em agro-ecologia em diversos países africanos. Ao longo da sua actividade como consultor, forneceu utensílios teóricos e práticos para a autonomia alimentar das populações, procurando reconciliar a actividade humana com a natureza.
Em 2002 lançou o “apelo para uma insurreição da consciência” e foi candidato alternativo às eleições presidenciais francesas. Tal como em 1974, Renné Dumont, célebre engenheiro agrónomo e pioneiro da ecologia, teve grande impacto sobre a vida política convencional. A problemática agro-ecológica tornou-se, a partir de então, objecto de debate alargado aos cidadãos.
A importância de Pierre Rabhi, cuja obra científica e literária é já reconhecida no mundo, está no facto de se engajar numa prática de vida, num ensino da frugalidade feliz que o tornaram numa figura emblemática: um novo Gandhi dos nossos dias.
As ideias-base de Pierre Rabhi podem resumir-se à:
- Não violência;
- Pertença inter e transcultural como atitude nova dum universalismo concreto, alimentado pelas experiências singulares vividas;
- Recusa do dogma do crescimento e defesa de um decrescimento na área das tecnologias contaminantes e de esgotamento;
- Recusa de uma modernidade em que se “vive para trabalhar em vez de trabalhar para se viver” e duma “civilização de combustão triunfante” da termodinâmica dissipativa que enjeita a realização criativa do trabalho manual e intelectual.
Rabhi desenvolveu uma acção em várias frentes. Da problemática altermundialista à intervenção local, abrangendo experiências em locais diversos como França, Marrocos, Burkina Fasso, etc. Pensar e agir criando alternativas participadas.
A palavra de ordem do movimento “Terre et Humanisme”, de que é Presidente de honra, consiste em promover experiências exemplares de agro-ecologia por todo o território - criar “um oásis em cada lugar”.
O movimento “Terre et Humanisme” tem apoiado inúmeras iniciativas em África e na Europa. Tem desenvolvido acções de formação, particularmente em agro-ecologia e na pedagogia social. Tem-se oposto à introdução de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) levando a cabo acções comuns, com várias organizações, contra as multinacionais responsáveis pela introdução dos OGM. Pierre Rabhi tem trabalhado em cooperação com a Universidade “Terre du Ciel” e tem sido uma voz activa na política favorável à consciência ecológica. Veja-se, o livro que escreveu, recentemente, com Nicolas Hullot . Trata-se de uma importante contribuição na ecosofia.
Por outro lado, encarando uma actividade prática, Pierre Rabhi realiza projectos-piloto em Marrocos, Burkina-Fasso, Mali, etc.
Actualmente, em cooperação com Michel Valentin, participa no projecto “Les Amanins”, escola de vida, quinta experimental educativa, cujo objectivo central é formar agentes de eco-desenvolvimento, dotados de intrumentos teórico-práticos para a mudança do paradigma.
No dia 22 de Agosto de 2007, depois de atravessarmos a pequena vila de Lablachère, seguimos para a casa de Pierre Rabhi, situada no lugar de Montchamp. É nesse lugar que se situa a quinta de Pierre com uma casa de construção vernacular onde encontramos a Michele Rabhi. O Pierre ainda não chegara duma reunião em Mas de Beaulieu.
A Michele mostrou-nos a pequena escola Montessori, construção pré-fabricada de madeira, que desde há 5 anos tem sido o local de trabalho de Sophie Rabhi, filha do casal. A quinta permite um contexto de apoio à formação educativa da escola. Assim, o pomar, a horta agro-ecológica, o galinheiro e as cabras constituem um complemento essencial à escolinha “Jardin d’enfants”. As crianças têm um contacto directo com o mundo rural e os produtos da quinta ajudam a complementar a alimentação das crianças.
Entretanto começamos a conversar com uma das educadoras. Ela explicou-nos: “A metodologia de ensino Montessori é amplamente articulada com inovações que surgem no contexto da quinta agro-ecológica praticada por Pierre Rabhi e também pelo olhar de novas experiências pedagógicas”.
Fomos ver a construção de uma “yurta” em lona que viera articular-se, com a sua forma redonda, à construção funcional e rectangular dos 2 pavilhões pré-fabricados em madeira.
Por outro lado, a sanita seca mostra a integração da escola no mundo rural, permitindo, no processo agrícola, a compostagem de dejectos humanos e outros nutrientes orgânicos como fertilizantes da terra. Revela-se assim o conceito de Lavoisier: na natureza nada se perde, tudo se transforma.
O “cabanon de la colère” é uma pequena cabana, um pouco isolada em que as crianças, quando estão muito excitadas, são convidadas a extravasar as suas energias e pequenas raivas. Uma espécie de catarse voluntária para acalmar os mais excitados e facilitar o ritmo da aula.
Entretanto chega o Pierre Rabhi. Recordamos a viagem a Marrocos, o estágio em agroecologia na aldeia de Kermet Ben Salem. E enquanto caminhávamos pela quinta, o Pierre relatava os programas internacionais do trabalho da Associação “Terre et Humanisme” em Marrocos, no Mali, no Senegal e Burkina Fasso.
Pode-se resumir assim a sua estratégia:
1) A mudança a partir da situação concreta em que se vive;
2) Ter consciência clara de que a felicidade terá de ser conquistada por nós mesmos;
3) Haver uma mudança essencial sobre a visão do mundo. A agro-ecologia poderá tornar-se no factor de harmonização do homem com a natureza, graças a uma ecotecnologia e a uma ecosofia.
Pierre Rabhi desenvolveu algumas ideias sobre a necessidade de se internacionalizar este conceito de criar “oásis em todos os lugares”.
Em seguida voltamos a revisitar o trabalho de Pierre Rabhi em França.
Relatou-nos a actividade desenvolvida já ao longo de anos na sede do movimento “Terre et Humanisme” em Mas de Beaulieu, onde os estágios de formação em agro-ecologia constituem a estrutura principal do trabalho.
Em 2008 irão fazer-se estágios de 6 dias:
- 14 a 19 de Abril
- 12 a 17 de Maio
- 30 a 5 de Julho
- 15 a 20 de Setembro
- 6 a 11 de Outubro
Nestes estágios dá-se uma formação abrangente de agro-ecologia:
- História da agricultura do neolítico até à actualidade;
- Noções de permacultura e biodinâmica;
E procede-se a uma prática de agro-ecologia:
- Trabalho de fertilização optimizada de solos, irrigação, compostagem, etc.
Tínhamos visitado o Mas de Beaulieu há já alguns anos. Mas, durante o ano de 2007 deu-se um salto qualitativo. Passaram pelo trabalho agro-ecológico da sede do movimento “Terre et Humanisme” mais de 200 estagiários e 160 cooperantes voluntários.
Neste período construiu-se um poço canadiano, um armazém agrícola, refizeram-se muros e plantaram-se novas árvores de fruto.
Importa referir ainda a cooperação de Pierre Rabhi no projecto intergeracional do Hameau des Buis, loteamento ecológico em torno de uma quinta agroecológica educativa. Este projecto nasceu da filha de Pierre, Sophie Rabhi e do seu marido Laurent.
A experiência de Les Amanins é uma outra iniciativa de cooperação conjunta entre Pierre Rabhi e Michel Valentin. Estes dois homens descobriram uma complementaridade que os consolidou em torno de um mesmo projecto - um centro agro-ecológico.
Num terreno de 55 hectares vai realizar-se uma experiência bio-económica onde a prática agro-ecológica se articula com uma actividade pedagógica em torno de uma escola com crianças e também à volta de ateliers de formação para adultos.
O coração do projecto é a quinta agro-ecológica . Mas também a escola do colibri, dirigida por Isabelle Peloux.
Este centro vai tornar-se uma experiência exemplar, formativa, demonstrativa e criativa para a necessária mudança de paradigma.
Será uma eco-escola em França, ao serviço de uma visão internacional do ecodesenvolvimento e da paz.
A visita que fizemos levou-nos às várias estruturas já construídas. Um centro de recepção, a futura padaria e cantina e os vários ateliers ligados à actividade agro-ecológica e à escola.
A bioconstrução integra-se num vasto plano de logística para ateliers, alojamento e protótipos de energias renováveis.
Entretanto, o Boletim de “Terre et Humanisme” tem-se expandido cada vez mais relatando além das actividades do Mas de Beaulieu os trabalhos realizados no domínio internacional.
Assim, dando provas de uma abertura intercultural e transcultural, Pierre Rabhi desenvolve a sua actividade numa perspectiva internacional e local.
São vários os países africanos onde existem, desde alguns anos, experiências exemplares orientadas segundo o trabalho de Pierre Rabhi.
A experiência no Burkina Fasso, em Goron Goron, com a implantação de um centro agroecológico, baseou-se nos recursos endógenos e na participação das populações. Tornou-se um exemplo internacional para um outro modelo de ecosustentabilidade para África.
O livro “Offrande du Crepuscule” descreve, em detalhe, esta experiência notável.
A actividade do movimento “Terre et Humanisme” alastrou-se ainda a outros países. Assim, tivemos o privilégio de vivenciar a experiência da aldeia de Karmet-Bensalem, em Marrocos onde se explicita esta prática agroecológica e de participação social criando locais demonstrativos de formação e reprodução de ecotécnicas ao nível da irrigação, compostagem e das hortas experimentais. Criam-se vários sistemas agro-ecológicos que vão desde celeiros, taludes, valados de irrigação anti-erosão, mini-crédito, etc.
No Mali, na aldeia de Tacharan, criou-se também um centro agro-ecológico, articulando várias actividades culturais como alfabetização, formação do associativismo nas mulheres e actividades de bioconstrução.
Actualmente, no Senegal, mais de 20 hortas associadas e articuladas ao Centro agro-ecológico experimental, permitiram já a formação de mais de 800 pessoas em ecodesenvolvimento. Realizaram-se 5Km de diques de irrigação anti-erosão e desenvolveram-se actividades pedagógicas com crianças e adultos.
Jacinto Rodrigues