Contudo, mesmo sem esses dados imprescindíveis para um melhor reconhecimento da área geo-fito-morfológica, apontarei uma estratégia básica que melhoraria a sustentabilidade do Campus Universitário da PUC do Rio de Janeiro.
Um sistema de energias renováveis que permitisse auto-suficiência eléctrica e eventualmente fazer dos edifícios da PUC uma base logística de energia positiva, isto é, a possibilidade de ter um sistema fotovoltaico distribuído ao longo dos vários telhados e terraços das construções edificadas que permitisse a obtenção de energia solar capaz de responder aos gastos internos da Universidade e permitir ainda vender à rede eléctrica da cidade, tirando daí benefícios.
Um sistema eólico básico, provavelmente Sovonius horizontais, de pequeno porte, que permitissem conjugar a produção eléctrica das fotovoltaicas. Essas eólicas de pequeno porte poderiam beneficiar de corredores de vento criados pelos próprios painéis que valorizariam o impacto eólico. Alguns painéis termo-solares poderiam permitir água quente básica para as necessidades internas, chuveiros, actividades culinárias, lavagens de roupa e louça, etc.
Armazenamento de águas pluviais e bioclimatização.
Aproveitamento dos tectos e paredes para uma cobertura vegetal (tectos e paredes verdes) que melhor permitissem bioclimatizar os edifícios propiciando ainda a recepção de águas pluviais e sua biodepuração, armazenando em cisternas essa água que poderia ser utilizada no uso diário dos edifícios e ainda aumentar o caudal do rio em água limpa. Esse armazenamento permitiria tiradas de água para geotermizar os edifícios.
Arvoredo útil e agradável .
Uma ocupação de flora e fauna apropriadas para criar condições térmicas melhores, graças ao sombreamento, à obtenção de corredores de vento, à frescura da vegetação, aos espelhos de água, às cascatas, aos taludes que canalizam ventos, etc. Todos esses requisitos da eco-jardinagem permitiria uma articulação de meios de “engenharia natural” para melhorar solos, propiciar árvores de fruta, plantas aromáticas e medicinais, bem assim como ecosistemas de biodepuração das águas do rio.
Valorização do rio.
A revitalização das margens do rio, o aumento do caudal das águas através do encaminhamento das águas pluviais e aprofundamento eventual do leito do rio são aspectos que poderiam ser realizados. Este problema é complexo pois a intervenção a meio do caudal, sem trabalhar todo o rio da nascente a juzante, é obra quase sempre votada ao fracasso. Só um esforço municipal poderia coadjuvar com eficiência esta operação tão decisiva que melhoraria climática e paisagisticamente a importância do rio……
No entanto se não se criarem condições para um tratamento global e se o rio não for poluído pelos efluentes industriais, é sempre possível conseguir uma travagem das águas num sistema de lagunagem, através de processos biodepurativos, utilizando mesmo estufas de aceleração do metabolismo vegetativo (jacintos de água, fragmitas comunis, por exemplo).
O rio proporciona além do sistema biodepurativo, um meio propício a vários elementos para um eco-sistema nutricional: peixes, patos, algas são alguns dos elementos que poderão servir de base alimentar à cantina.
Esta fonte alimentar estaria ligada a todas as actividades agro-ecológicas do paisagismo geral de que já falamos.
Toda a produção de frutas, legumes, peixes, galinhas, patos, etc., poderiam fornecer o restaurante e um possível ponto de vendas de produtos biológicos.
Parques de estacionamento
O tráfico deve ficar vedado aos espaços internos da PUC. O local onde actualmente se faz o estacionamento principal deveria dar lugar a uma ligeira e efémera estrutura para encontro e festas de convívio e cultura. Eventualmente poderia construir-se um parque subterrâneo.
7. Os edifícios da PUC estão inseridos num espaço fragmentado.
Deveriam ser criados trajectos, nomeadamente passarelas, que facilitassem o contacto entre os vários espaços. Veja-se, por exemplo, as rupturas entre os edifícios do Pilotis e o pequeno bairro onde se encontra a associação de estudantes.
Os equipamentos oficinais parecem-me da maior importância.
Deveriam estar ligados entre si articulando espaços oficinais fechados com campos abertos para as experiências e a realização de demonstrações:
. laboratório de protótipos de energias renováveis;
. centro de investigação em biomimetismo e biónica.
. oficinas de ecoconstrução (bambú, etc.)
Conclusão:
Para a realização dum trabalho definitivo importa organizar um dossier com os dados essenciais que referi:
. monografia;
. pegada ecológica;
. potencialidade ecológica;
. logística disponível e recursos;
Este texto constituiria um elemento para a formação da equipa. Seria ainda necessário disponibilizar informações ecotecnológicas e ecoconstrutivas para que os membros da equipa possam participar no enriquecimento dos diversos cenários.
Novembro de 2008
Jacinto Rodrigues
Professor Catedrático da FAUP