Ecologia Urbana

Blog da disciplina de ecologia urbana, do 5º ano da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, docência do Professor Doutor Jacinto Rodrigues

24.7.08

Desafio à América proposto por AL GORE

Al Gore, ao propor uma revolução tecnológica ao nível das energias renováveis, abre uma esperança para a mudança civilizacional.

19.7.08

Uma Visita ao ISEP-Instituto Superior de Engenharia do Porto

Visita ao I.S.E.P. (Instituto Superior de Engenharia do Porto) Julho de 2008 Fomos fazer uma visita ao ISEP acompanhados pelo engenheiro Armando Herculano. No tecto do edificio de cinco andares está montado um pequeno campo experimental de energias renováveis. Duas pequenas eólicas do mesmo tipo (hélice de três pás), alguns colectores solares foto-voltaicos e ainda alguns termo acumuladores para aquecimento de água .Do alto desse terraço era possível avistar outros tectos de estabelecimentos públicos ligados ao pólo universitário: o hospital de S.João, a faculdade de engenharia, de economia etc. Fizemos uma primeira reflexão. Seria importante adoptar um conjunto de eólicas e outros protótipos solares em todos esses edificios; Seria importante também diversificar os modelos. Existem, por exemplo, eólicas “sovonius” que podem circundar os muros dos beirais dos terraços tendo um apoveitamento intenso dos ventos. Todo esse equipamento eólico e solar generalizado poderia dar resposta aos gastos de cada edifício e tornar ainda o conjunto do campus em edificações urbanas de energia positiva, isto é, capazes de produzir auto suficiência energética e, ainda mais, energia suplementar para a rede. Este novo conceito é essencial: tornar estas grandes superfícies urbanas em logística produtiva de energias renováveis para interesse público. Fomos visitar a sala das medições onde se podem ler as entradas energéticas tanto das eólicas como dos painéis fotovoltaicos. Esta monitorização é essencial para uma auditoria ao edifício na sua globalidade. Contudo, é imprescindível analisar não apenas os fluxos energéticos mas também a qualidade ecológica dos materiais de construção, a existência ou não de sistemas passivos e da articulação do edifício com a envolvente paisagística. Fizemos algumas dessas observações que vão para além do uso de uma panóplia de instrumentos de medida, exigindo tambem a perspicácia e a sensibilidade ecológica para descriptar a função de estufa do pano de vidro da escadaria, da pála demasiado rígida que não permitia funcionar com as polaridades sazonais. A entrada nos poços de luz, através de campânulas, não era regularizada em função das diferenças entre Verão e Inverno. Por outo lado, o material de plástico envelhecera e a dificuldade da entrada de luminosidade aumentava. E esta situação agravava-se com o uso da luz artificial que era proveniente de holofotes externos que, gastando energia eléctrica cada vez mais cara, iluminavam cada vez menos. Por fim, demos uma volta ao terreno circundante e pudemos imaginar como é que algumas videiras ou trepadeiras colocadas estrategicamente, poderiam funcionar integradas num sistema de bioclimatização graças à caducidade da folhagem permitindo, ora a entrada de luz no Inverno, ora a sombra refrescante no Verão. Daqui partimos ainda para novas discussões sobre a participação trandisciplinar. Por exemplo, como é que o paisagismo se poderia integrar na bioclimatização geral, na biodepuração das águas residuais e na contribuição agro-ecológica (hortas e pomares urbanos) de apoio às cantinas para alunos e professores. Foi uma viagem de estudo altamente proveitosa que lançou as bases para um trabalho comum, entre alunos de ecologia urbana da Faup e o ISEP.
Jacinto Rodrigues
Julho 2008

1.7.08

Proposta de Trabalho do Professor Jacinto Rodrigues - Apresentação de propostas

De acordo com as propostas de trabalho apresentadas pelo Professor Jacinto Rodrigues (texto em baixo) os alunos explicitaram em desenhos, fotografias e montagens, algumas sugestões tendo em conta parâmetros ecológicos de "superior qualidade ambiental".

Proposta de Trabalho do Professor Jacinto Rodrigues:
"O trabalho prático, este ano, constitui mais um passo nas preocupações pedagógicas que a cadeira de ecologia urbana vem promovendo.
Desde há vários anos, conforme se pode verificar através das sucessivas contribuições na Anuária e no jornal A Página da Educação, tenho promovido uma focagem ecológica através de propostas concretas. Temos feito uma abordagem mais centrada sobre a cidade do Porto.
Foram vários os trabalhos dos alunos sobre a cidade: trabalhos práticos sobre o Porto, o Parque da Cidade, o Campus Universitário e este ano, a Faculdade de Arquitectura.
Ao longo destas experiências temos vindo a utilizar a metodologia Dieter Magnus, na revelação duma realidade que se pretende mudar e que exige uma visualização prévia de cenários possíveis que antecipem essa estratégia de mudança.
Por outro lado, utilizando o conceito de acupunctura urbana de Jaime Lerner, procuramos propôr intervenções em pontos decisivos que devido ao posicionamento e à dinâmica de conteúdo social, criem sinergias para uma transformação mais profunda e alargada. Esses pontos de intervenção sistémica mobilizam acções interactivas no local e no global, contribuindo assim para uma geoestratégia articulada e planeada a curto, médio e longo prazo.
A escolha da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto é um exemplo dessa eco-geoestratégia.
Gerar uma escola de arquitectura pela sua forma e conteúdo exemplares é agir num edifício de valor simbólico para a arquitectura. Por outro lado, ligando o edifício à própria formação de eco-arquitectura é gerar novos agentes para o futuro da arquitectura.
O eco-edifício torna-se gerador de sustentabilidade e maior autonomia para a manutenção do seu funcionamento, tornando-se uma experiência-piloto exemplar.
Vejamos como se pode antever esse edifício exemplar:

1. Criar um espaço de relação com a comunidade, abrindo a escola a serviços para o exterior (cursos, workshops, cinema, teatro, música, etc.);

2. Criar uma escola para crianças com um jardim de aventuras que possa dar apoio aos filhos de professores, funcionários e alunos e também para a população do bairro;

3. Desenvolver hortas rurais de apoio à cantina e um ponto de venda com produtos agro-ecológicos. O uso da permacultura poderá estabelecer “zonas” inter-activas e permitir elementos simbióticos geradores de multifuncionalidades integradas. Assim, os taludes serão processos naturais de divisórias, corta-ventos e simultaneamente eco-topos para variadíssimas produções de arbustos e árvores de fruto. A cantina poderá abrir-se a utentes externos à escola;

4. Desenvolver uma logística em energias renováveis que permita fazer da eco-escola um centro positivo, gerador de energia (eólica e solar) que, para além de tornar autónoma a Faculdade, permitiria a venda de energia à EDP;

5. Promover a recolha de águas pluviais e proceder à biodepuração de águas residuais. Estas águas podem permitir reservas para a horta e pomar, ao mesmo tempo que podem alimentar uma piscina biológica e lago piscícola;

6. Proceder a um ciclo de metabolismo circular de modo a que todo o “lixo” se torne “nutriente” no processo de reciclagem e reutilização. Os nutrientes orgânicos são compostados e utilizados como fertilizantes em agro-ecologia. As águas serão, como vimos, reutilizadas nas diversas funções (rega, uso doméstico, piscina, lagunagem, etc.);

7. Um vasto sistema de bioclimatização permitirá, preventivamente, evitar despesas no aquecimento ou arrefecimento. Será necessário proceder a um eco-paisagismo, orientando as árvores e os desníveis, os muros verdes, os taludes, os declives e os espelhos de água, como pontos de equilíbrio bioclimático externo, antes mesmo de intervir no edifício. No edifício, propriamente dito, o uso de materiais de acumulação térmica e de isolamento, permitirá um maior conforto, sendo aplicados vários sistemas (tectos verdes, sistema Trombe, termoacumuladores solares, acumuladores de poços canadianos e provençal, estufas solares, etc..

8. Criar uma rede de comunicações pedonais, passarelas e vias de velocípedes, integrando todo este sistema aos transportes colectivos de ecotransporte.

Todos esses processos serão articulados segundo uma sensibilização estética e uma funcionalidade sistémica gerada através de uma ecotecnologia o mais apropriável possível pelos utentes.
Estas actividades exigem ecocompetências transdisciplinares e pressupõem equipas solidárias de investigação e aplicação prática.
É a renovação universitária, por excelência, deste projecto que pretende ser uma ruptura epistemológica em relação à forma do ensino tradicional, baseada no academismo serôdio, na ausência de experimentação e no corporativismo dum saber disciplinar limitado e arrogantemente auto-convencido.

Professor Doutor Jacinto Rodrigues"
--Apresentado em 19.5.08

Algumas Soluções:




. Grupo 1 Luís Quintano, Luigi Greco, Marina Carvalhais.

. Grupo 2