Ecologia Urbana

Blog da disciplina de ecologia urbana, do 5º ano da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, docência do Professor Doutor Jacinto Rodrigues

19.7.08

Uma Visita ao ISEP-Instituto Superior de Engenharia do Porto

Visita ao I.S.E.P. (Instituto Superior de Engenharia do Porto) Julho de 2008 Fomos fazer uma visita ao ISEP acompanhados pelo engenheiro Armando Herculano. No tecto do edificio de cinco andares está montado um pequeno campo experimental de energias renováveis. Duas pequenas eólicas do mesmo tipo (hélice de três pás), alguns colectores solares foto-voltaicos e ainda alguns termo acumuladores para aquecimento de água .Do alto desse terraço era possível avistar outros tectos de estabelecimentos públicos ligados ao pólo universitário: o hospital de S.João, a faculdade de engenharia, de economia etc. Fizemos uma primeira reflexão. Seria importante adoptar um conjunto de eólicas e outros protótipos solares em todos esses edificios; Seria importante também diversificar os modelos. Existem, por exemplo, eólicas “sovonius” que podem circundar os muros dos beirais dos terraços tendo um apoveitamento intenso dos ventos. Todo esse equipamento eólico e solar generalizado poderia dar resposta aos gastos de cada edifício e tornar ainda o conjunto do campus em edificações urbanas de energia positiva, isto é, capazes de produzir auto suficiência energética e, ainda mais, energia suplementar para a rede. Este novo conceito é essencial: tornar estas grandes superfícies urbanas em logística produtiva de energias renováveis para interesse público. Fomos visitar a sala das medições onde se podem ler as entradas energéticas tanto das eólicas como dos painéis fotovoltaicos. Esta monitorização é essencial para uma auditoria ao edifício na sua globalidade. Contudo, é imprescindível analisar não apenas os fluxos energéticos mas também a qualidade ecológica dos materiais de construção, a existência ou não de sistemas passivos e da articulação do edifício com a envolvente paisagística. Fizemos algumas dessas observações que vão para além do uso de uma panóplia de instrumentos de medida, exigindo tambem a perspicácia e a sensibilidade ecológica para descriptar a função de estufa do pano de vidro da escadaria, da pála demasiado rígida que não permitia funcionar com as polaridades sazonais. A entrada nos poços de luz, através de campânulas, não era regularizada em função das diferenças entre Verão e Inverno. Por outo lado, o material de plástico envelhecera e a dificuldade da entrada de luminosidade aumentava. E esta situação agravava-se com o uso da luz artificial que era proveniente de holofotes externos que, gastando energia eléctrica cada vez mais cara, iluminavam cada vez menos. Por fim, demos uma volta ao terreno circundante e pudemos imaginar como é que algumas videiras ou trepadeiras colocadas estrategicamente, poderiam funcionar integradas num sistema de bioclimatização graças à caducidade da folhagem permitindo, ora a entrada de luz no Inverno, ora a sombra refrescante no Verão. Daqui partimos ainda para novas discussões sobre a participação trandisciplinar. Por exemplo, como é que o paisagismo se poderia integrar na bioclimatização geral, na biodepuração das águas residuais e na contribuição agro-ecológica (hortas e pomares urbanos) de apoio às cantinas para alunos e professores. Foi uma viagem de estudo altamente proveitosa que lançou as bases para um trabalho comum, entre alunos de ecologia urbana da Faup e o ISEP.
Jacinto Rodrigues
Julho 2008