Ecologia Urbana

Blog da disciplina de ecologia urbana, do 5º ano da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, docência do Professor Doutor Jacinto Rodrigues

31.1.07

Tibá - arquitecto Johan van Lengen


O artigo do Prof. Doutor Jacinto Rodrigues sobre o TIBÁ tem a extensão de 28 páginas. Coloco aqui alguns excertos... no entanto, o texto completo encontra-se disponível para download, na página do e-learning.

"(...)O autocarro parou na praceta da cidadezinha de Bom Jardim. Três quilómetros separam ainda a cidade da fazenda onde se encontra o TIBÁ – Centro de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitectura, fundado pelo arquitecto Johan van Lengen.
Tibá, na língua dos índios Tupi, quer dizer lugar onde muitas pessoas se encontram.
Johan van Lengen e o filho, Marc, estavam à minha espera. (...)

"Um centro onde fosse possível formar uma cultura ecológica orientada em especial para a arquitectura e urbanismo sustentável. Mas seria um centro aberto à multidisciplinaridade, concebendo o desenvolvimento social numa interligação simultânea com o autodesenvolvimento."

Desde longa data que Johan começara a desenvolver uma investigação sobre novas metodologias de educação tendo como base a razão e a intuição, a arte e ciência. Durante os últimos anos Van Lengen abordara essas questões da nova pedagogia tendo como base a articulação sistémica entre o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito.
O trabalho com psicólogos abrira-lhe novas perspectivas sobre o que denomina de inter-relação entre o estado Alfa e Beta, ou seja o aproveitamento das duas funções diferenciadas dos hemisférios cerebrais, através duma actuação que favoreça a integração das potencialidades globais do cérebro. Esta metodologia tem muito a ver com as mais recentes investigações da pedagogia e da neurociência, como as efectivadas, nomeadamente por Michel Fustier, Dominique Chalvin e António Damásio.

A vivência, e não apenas a erudição académica de Johan van Lengen, foram o ponto de partida para a criação dessa metodologia. É essa vivência, feita de aparentes contradições, de multiplicidade de culturas e línguas, que lhe forneceu a base dessa utensilagem pedagógica.
Nascido em Amesterdão em 1930, conheceu na infância e adolescência o drama da 2ª Guerra Mundial. A ocupação nazi e as dificuldades sociais da guerra preencheram as recordações do seu diário.
Os cadernos que conserva desses anos de meninice revelam já uma sensibilidade excepcional para o desenho.

Graças a um resistente anti-nazi aprendeu judo, desde a adolescência, tornando-se um especialista. Começou a dar aulas de artes marciais muito cedo. Essa formação no judo não foi uma mera aprendizagem técnica. Foi uma arte que lhe permitiu desenvolver um controlo corporal liberto de medos e angústias.
Procurando viver o presente, o agora, abriu-se à filosofia Zen com a leitura de Eugéne Herrigel e, tal como Trevor Leggett, conquistador de altas graduações no judo, aprendeu que “o pintor só saberá desenhar um corvo empoleirado num bambu, quando conseguir, à força de os observar e interiorizar, tornar-se ele próprio o corvo e o bambu agitado pelo vento, face ao vazio. Por isso, aprender a observar faz com que, com algumas pinceladas e num só movimento, a arte surja.”
É esta filosofia do estar presente no agora, que lhe permite o despertar.
A Holanda tornara-se um espaço exíguo para o seu imaginário aberto.
Nos princípios dos anos 50 foi para o Equador. Viveu atribuladas aventuras na floresta onde contraiu a icterícia. Restabelecido, graças a uma dieta de bananas, conseguiu um lugar no escritório do arquitecto Guillermo Cubillo, onde recebeu as primeiras noções de projecto. Interessa-se em especial pela construção, tendo acompanhado as actividades nos estaleiros, adquirindo uma sólida formação técnica. Naqueles anos, a orientação da arquitectura do pós-guerra pautava-se por uma estética moderna. Corbusier divulgava as novas regras da arquitectura.
Johan van Lengen parte para o Canadá para estudar na Universidade de Arquitectura de Toronto. Faz o curso com facilidade pois já tinha uma bagagem técnica apreciável, adquirida no trabalho que fez nos estaleiros e com o arquitecto Cubillo.
Do Canadá viaja para os Estados Unidos da América onde finaliza o diploma numa Universidade do Oregon, marcada pela escola da Bauhaus na versão americana de Gropius e Mies Van der Rohe.
Na arte era um apaixonado pela pintura abstracta de Mondrian. Ainda como aluno na universidade, traduzira do holandês uma obra desse pintor apresentando-a como um contributo para as provas do curso de arquitectura. Nesse período do início dos anos 60, as preocupações da arquitectura tecno-funcionalista dominam os seus projectos. Assim, em 1962 e 1963 trabalha na edificação de hospitais na Califórnia, preocupando-se especialmente com a ergonomia e a boa funcionalidade dos espaços. Isso reforça a sua formação racionalista que se consolidara com o interesse pelos trabalhos de Cristopher Alexander, que desde 1965, em Berkeley, desenvolvia as relações entre a matemática e as construções arquitectónicas. Os trabalhos de Cristopher Alexander prosseguiam as preocupações que Wittgenstein manifestara já nos anos 20. Johan van Lengen vai trabalhar em cooperação com o matemático na empresa de Arthur D. Little. Investiga também a utilização da informática na arquitectura e no urbanismo. Estabelece “matrizes” que permitem uma racionalização de vectores nas opções técnico-construtivas. Procura estabelecer diagramas de afinidades com o fim de projectar com maior funcionalidade.
Entretanto vai desenvolver na prática arquitectónica uma série de projectos e trabalhos que vão de supermercados ao planeamento de centros urbanos, universidades e conjuntos habitacionais nos E.U.A.

Um outra etapa está prestes a surgir. Em S. Francisco conhece artistas, psicólogos e homens de letras com perspectivas de inovação. Conhece Jacques Overhoff, também ele holandês residente nos E.U.A. e que faz experiências na escultura, mobilizando cidadãos para uma nova estética na cidade.
Em 1962 casa com Rose, uma pintora brasileira que conhecera no Rio de Janeiro. A pintura de Rose é uma pintura onírica e cujo lirismo reflecte muito a paisagem da América Latina e sobretudo a exuberância colorida do México, onde depois residem.
Nesses anos apaixona-se pela arquitectura brasileira, nomeadamente pelos trabalhos de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que espelham uma maior sensibilidade plástica mesmo se ainda posicionados no movimento moderno.
As relações com o Brasil estabelecem-se cada vez mais frequentemente com as múltiplas viagens que realiza com Rose. Os problemas da arte, da pintura, e do desenho tornam-se também uma motivação pessoal na sua própria actividade criativa. Johan faz inúmeros desenhos e esculturas.
Além dessas actividades artísticas interessa-se pelas questões antropológicas. Chegou mesmo a frequentar um mestrado de antropologia na Universidade de Campinas, no Brasil, numa das suas estadias, que vai fazer cada vez mais frequentemente, entre Califórnia, México e Brasil.
No Rio de Janeiro, trabalha no escritório do arquitecto de reconhecida qualidade, Sérgio Bernardes, nomeadamente no planeamento da Universidade Católica de Curitiba. Esta sensibilidade moderna, lúdica e criativa da arquitectura brasileira permite-lhe articular a anterior formação técnica e construtiva com a nova abertura estética, mais plástica, da arquitectura brasileira.
Johan recorda o lado “bon vivant” de Sergio Bernardes e a postura sensível com que olha e trabalha com a arquitectura. Explica como diante dos organigramas informativos, o arquitecto Sérgio Bernardes imprimia traços a lápis de cor sobre o papel manteiga com que sobrepunha a planta topográfica devidamente sinalizada com os dados objectivos. Os traços coloridos do desenho sobreposto eram propostas com vida. E assim a arquitectura de Sérgio Bernardes ganhava uma outra dimensão artística sem deixar de manter uma informação quantitativa.
Johan conta assim como colaborou e aprendeu com este arquitecto brasileiro.
Por outro lado, as questões sociais vão-se impondo constantemente. E assim, uma maior flexibilidade intervém nos seus próprios projectos.
A nova aprendizagem da arquitectura e a nova experiência social vão-se consolidar numa espécie de segunda vida profissional que se impõe progressivamente.
Em 1977, quando se torna conselheiro da ONU para as questões do habitat e do urbanismo, os problemas da forma na arquitectura vão sofrer uma reviravolta substancial. Essa sua actividade como conselheiro exerce-se primeiramente no México.
A primeira fase profissional que tinha sido marcada pelo tecno-funcionalismo e o racionalismo da arquitectura moderna, centrava-se essencialmente na informação quantitativa. Nesta segunda etapa, estas referências fornecem dados para uma maior implicação artística no projecto. Acentua-se assim a influência da expressão artística da sua mulher, a cultura popular mexicana e a dos índios da Amazónia, que constituem os novos referentes para a problemática da sua arquitectura, cada vez mais marcada pelas preocupações ecológicas.
Um novo paradigma histórico emergente vai produzir as metamorfoses nas ideias, na tecnologia e na cultura de Johan van Lengen.
Ao instalar-se em Tepoztlan, a alguns quilómetros de Cuernavaca onde vivia o filósofo Ivan Illich que conheceu pessoalmente e de quem admirava a sua obra, nova reformulação se produziu nas suas concepções sobre energia e sobre desenvolvimento social. Acentuam-se as suas críticas ao paradigma dominante, abandonando as posturas eurocentricas, põe em causa o progresso linear e vai assumindo valores da interculturalidade e transculturalidade, sem pretensões de superioridades exclusivas. O convívio com a diferença abre-lhe novos horizontes.
Entretanto, aprofunda também o Budismo Zen, no contacto com os monges budistas que visita em Honolulu. E, quando vive na Califórnia, desloca-se a Oregon para visitar a comunidade do célebre guru indiano Bhagwan Shree Rasneesh, e é convidado a projectar algumas construções para o “rancho” onde vivem os principais membros desse grupo.
Ao visitar esta utopia que desponta no deserto, recorda a qualidade de alguns terapeutas que aí trabalhavam. Porém, rapidamente se dá conta dos impasses e desvirtuações desse grupo. Ficará contudo marcado pelas práticas meditativas e terapêuticas da escola de Bhagwan.
Viaja várias vezes ao oriente colaborando em congressos de arquitectura sustentável. Participa, num congresso de Nova Deli sobre questões sísmicas. Expõe algumas soluções para prevenir os estragos provocados pelos tremores de terra. Propõe a montagem dum pórtico de betão armado que consolide os edifícios e estabeleça simultaneamente um refúgio sólido para recolhimento das pessoas durante os sismos, que deveriam ser previamente assinalados graças a um sistema sonoro, sensível às primeiras manifestações sísmicas.
Este pórtico-refúgio deveria, segundo Johan van Lengen, ser obrigatoriamente exigido nas construções públicas nos países susceptíveis de tremores de terra.
Como Johan nos contou, estas suas viagens ao Oriente constituíam não apenas uma colaboração profissional mas resultavam também duma profunda atracção pela cultura espiritual do Oriente, em particular pelo budismo. Em algumas dessas conversas sobre as suas viagens ao Oriente, Johan relatou-me, comovido, as suas impressões numa das visitas à Índia: o sorriso de paz duma mulher pedinte, que encontrou em Benares, naquele estranho dia em que perpassava uma atmosfera de comunhão espiritual entre as pessoas. Morrera Indira Gandhi. Após a tragédia dos primeiros momentos, a multidão enfurecida, agitou-se tumultuosamente, procurando vingança. Mas a mulher do sorriso misterioso, a pobre pedinte de Madurai, continuava presente no seu espírito como uma espécie de êxtase que o deixara na maior perplexidade. No meio da confusão, no quase motim que agora se avolumava, ofereceram-lhe um farrapo de pano preto com o qual pôde manifestar a solidariedade pelo luto da Índia. E assim, Johan o ocidental, perdido na turba pôde salvar-se da fúria da multidão perturbada por aquele trágico acontecimento no sul da Índia.
Essas viagens ao Oriente levaram-no a santuários onde visitou Ashrams e lugares santos.
De volta ao México, onde continuava a trabalhar como conselheiro dum programa do Governo da Holanda conheceu também um arquitecto e artista genial, o jesuíta Cláudio Favier Orendain. Era um arquitecto misterioso que estudara profundamente as antigas construções pré-colombianas e procurava ajudar as populações a prosseguirem com as tradicionais técnicas do adobe. Os rurais das aldeias de Tlayacalpan só ficaram verdadeiramente convencidos do valor das construções de adobe e da sua criação identitária quando viram que o europeu as adoptara. Cláudio Favier construíra a sua própria casa de adobe com formas próprias daquela região. Este facto foi, para Johan, uma verdadeira lição antropológica pois só o reconhecimento por estranhos à cultura autóctone e local, permite a auto-estima necessária pelo interesse desse património. Depois deste gesto assumido por um estrangeiro, a população autóctone percebeu o valor da sua própria cultura, que até ali desprezava por viver na ilusão de valores que se instalaram contra os seus próprios interesses. Johan van Lengen explicou-me porque é que também ele optara, na reconstrução do Tibá, pela reutilização das estruturas pertencentes ao engenho da rapadura de cana de açúcar. Empregara, nessa reconstrução, ecotecnologias simples que pudessem fazer do edifício uma experiência demonstrativa.
Assim, o Tibá não rejeita as tradições construtivas quando bem feitas e exprime, na sua própria edificação, as tecnologias que aí se pretendem ensinar.

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Utilizando os “cascajes” Johan foi ampliando a ala poente para os ateliers de construção civil e os sanitários secos – os “basons”- que são propostos como tecnologia apropriada para as populações, constituem também as sanitas existentes no Tibá. Os tectos verdes que se ensinam a fazer são também generalizados na própria escola Tibá. E com os bambus que bamboleiam ao vento no interior da fazenda, construíram-se pontes e outras estruturas.

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A horta biológica que alimenta a cantina, revela o tipo de agricultura biológica e aponta para uma alimentação saudável. O processo dessa agricultura é baseado nas experiências do professor brasileiro de agronomia, Víctor del Mazo, que estabeleceu uma metodologia (mazu-humus) que consiste na utilização de minhocas californianas (eisenia foctida) que, revolvendo o estrume colocado em pequenos reservatórios, vão produzindo um fertilizante natural muito eficaz.
Uma rápida visita pelo casario pôs-me em contacto com as várias estruturas da casa: a biblioteca, a sala de meditação, os ateliers e a cozinha com o alpendre caramachão onde se fazem as refeições.

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É necessário referir ainda factores subtis que só agora a geobiologia parece estar interessada em estudar cientificamente. É o caso dos estudos da rede Hartmann e Curie que o Feng-Shui pressentia intuitivamente e que também os antigos construtores no Ocidente levavam em conta na arte da construção da arquitectura sagrada”.

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Esta metodologia, que já referimos, tem a ver com o trabalho profissional que exerceu ao longo de vários anos mas a que acrescenta uma pesquisa iniciada por Cristopher Alexander e que ele próprio desenvolveu com a ajuda de um matemático. A esta parte do seu trabalho chama de experiência em Beta. Trata-se de uma actividade necessária à investigação informativa e permite a segurança imprescindível para a etapa Alfa. Para esta etapa é imprescindível o período anterior pois a lógica investigativa estabelece nexos e informações que sistematizam metodologias e técnicas imprescindíveis no design, na arquitectura e no urbanismo.
O trabalho de Johan van Lengen baseia-se assim nos estudos recentes da neurociência. Os dois hemisférios cerebrais estão conectados por um grosso cabo de inúmeras fibras nervosas. Este dispositivo mediador faz a conexão entre cada um dos dois hemisférios diferenciados pelas suas funções:
a) O hemisfério esquerdo contempla os aspectos analíticos, privilegia a linguagem lógico-digital e expressa-se dum modo quantitativo e verbal. As ondas Beta hegemonizam essa zona cerebral;
b) O hemisfério direito contempla os aspectos globais, privilegia a intuição e a linguagem analógica e expressa-se dum modo qualitativo e gestual. As ondas Alfa hegemonizam essa zona cerebral;

Os estímulos do hemisfério esquerdo trazem sobretudo informações do exterior. Os estímulos do hemisfério direito expressam sobretudo motivações interiores, como os desejos, imagens e sonhos.
O curso de Johan van Lengen, a que ele deu o nome de Beta-Alfa é a organização duma metodologia pedagógica minuciosamente estudada através dum conjunto de exercícios que fortalecem ambos os hemisférios permitindo, simultaneamente a interacção sistémica dos mesmos. Trata-se de “Alfa+Betizar” harmonicamente as funções quotidianas a que o nosso cérebro está sujeito.

(...)

Falou desse personagem excepcional do cinema francês, Jacques Tati, que realizou filmes inolvidáveis como “Mon Oncle” e “Les vacances de Mr. Hulot”. Conheceu Jacques Tati e deu-se conta do sentido da sua obra que era o de fazer “despertar” o homem adormecido que está em nós ou o homem máquina que constantemente pretende impor-se à criatividade .

(...)

Através de cartazes explicitam-se problemas construtivos e suas soluções ecotecnológicas.
A sua actividade nesta divulgação pedagógica leva-o a fazer uma proposta de realização de um filme para o ensino de tecnologias apropriáveis. O filme ainda não foi realizado mas a proposta ganhou um prémio. Este filme teria o nome de “Jour de Fête” em homenagem, mais uma vez, ao realizador Jacques Tati e representaria de uma forma humorística em 16 cenas os processos simples de auto-construção realizada por um grupo de jovens.
Todas estas actividades culminaram na edição de um livroManual do Arquitecto Descalço” que já havia sido anteriormente editado, no México, em língua castelhana.
Prepara-se neste momento uma edição em inglês.
(...)
No livro “Manual do Arquitecto Descalço” tecem-se considerações, duma forma extremamente simples, sobre os princípios fundamentais dum projecto.



29.1.07

geobiologia, entre outras coisas

Na tal segunda parte da aula em que tivemos connosco o Arquitecto Filipe Francisco, ele falou-nos em alguns dos conhecimentos e práticas dele relacionadas com geobiologia. Começando pelo conceito de gaiola de Faraday, que comprova que uma construção cuja estrutura em malha de ferro, cria campos neutros, aos campos electicos e electromagnéticos.(Uma pequena investigação que fiz após a aula, mostrou que se pode fazer a experiência envolvendo, por exemplo, um rádio, numa folha de papel de alumínio: em certas frequências, o rádio deixa de transmitir. O mesmo se passa com os telemóveis, e com outras radiações de que não nos apercebemos.) Este processo é utilizado nas salas de operações dos hospitais, para garantir que o correcto funcionamento dos aparelhos electrónicos não sofra interferências imprevisíveis. Para isso, contribui uma construção em betão armado, maciço, cuja densidade da malha metálica provoca o efeito descrito anteriormente. Normalemente esta estrutura está ligada através de umas varetas de cobre à terra. No nosso dia-a-dia, precisamos de zonas estáveis electromagnéticamente, mas não de zonas completamente neutras. Animais tais como os gatos, as abelhas e as formigas, gostam de zonas instáveis e fortes electromagneticamente. Por isso, não é muito aconselhável para um ser humano permanecer em locais onde estes animais se sintam bem. Estando à superfície da Terra, estamos sujeitos a dois tipos de radiações: as cósmicas (do sol, electromagnéticas e de outros planetas, por exemplo) e as telúricas (que vêm da terra). As construções que usam uma estrutura metálica em malha de ferro, ficam neutras relativamente a estas radiações. Caso se tenha que construir em betão, é preferível utilizar uma estrutura porticada. O sistema estrutural "em túnel", constituído apenas por betão e ferro, num circuito electromagneticamente fechado, foi proíbido em França, por se pensar que conduz à violência as pessoas que vivem em edifícios deste tipo. Existe mesmo um livro sobre as casas que fazem cancro, editado em França. Bem, este tema estendeu-se por uma conversa muito interessante, gostava que me ajudassem a reconstituí-la para que quem estiver interessado neste assunto possa aqui ter uma pequena introdução....

25.1.07

Comemoração Solar no Canadá - Junho 2007




Vão-se comemorar no mês de Junho, no Canadá, as invenções solares do padre Himalaya.O programa pormenorizado pode ser consultado em http://portaouais.tripod.com/id6.html This conference will be in French, English and Portuguese.
The Father Himalaya Project is a fascinating Coference, Film, Exposition, Dinner and Dance around the theme of the Sun and the Environment. It will be a Night of Arts, with local Portuguese Canadian artist showing off their paintings, photography, crafts, books, poetry and music.

It will be a night where we show our generosity to the Cancer Society, The Portugues Speaking Students Association of Ottawa University, and Les Enfants de Espoir de Hull.

Join us for an informative conference with Professor Jacinto Rodrigues, the author of "The Solar Conspiracy of Father Himalaya;" also with Film Director Jorge Antonio for the showing of "The Wonderful Story of Father Himalaya," and discover how a Portuguese catholic priest became the pioneer and the father of solar science.
Musacademia, in colaboration with FC Unidos and Casa will be presenting the Father Himalaya Project on the 2nd of June at Maison du Citoyen in Hull, rue Laurier.
Program Salle de Fette: 11am to 11pm

– Exposition on Father Himalaya and Environmental Technologies
– Exposition of ELCRO the Portuguese Business of the Region
– Exposition of Solar Energy and Renewable Energies Enterprises
– Exposition of our Sponsors
– Exposition of whom we sponsor: Cancer Society, Les Enfants de Espoir, Portuguese Speaking Students Association of Ottawa University

Program at the Agora:
- 5:30pm, Cocktail Reception for the Father Himalaya Project
- 6:30pm, Dinner by Lolachers Catering
- 8pm, Conference by the amazing researcher Jacinto Rodrigues from the University of Porto, Portugal, author of “The Solar Conspiracy of Father Himalaya”
- 9pm, Movie-Documentary “The Amazing Story of Father Himalaya” by film director Jorge Antonio from Portugal
- Other guests speakers still to be announced
- 10:15pm to 2am, Entertainment and dance

The conference will have an extension for workshops on the 3rd of June at Centre Portugais Les Amies Unis 42 Rue Hanson from 1pm to 6pm. The program will be posted soon... Here are some of the ideas: mini solar car race, children's solar furnace expo and contest, environmental short story contest.
Want to participate, speak at our conference, take advantage of a free table on the Exposition site, or donnate? Gives us your information.

First name:
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Company:
Address 1:
City:
Province:
Postal code:
Phone:
Please contact me regarding:
Tickets for Cocktail/Dinner/Conference/Film/ExpositionSpeakerExposeBecoming a Sponsor

Here is a link to greater details about the Project Father Himalaya:
Padre Antonio Gomes Himalaya
Search:
The Web
Tripod

Palestra na Universidade Agostinho Neto - Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável

O Professor Jacinto Rodrigues foi convidado pela Universidade Agostinho Neto para realizar algumas conferências em Luanda. Na Faculdade de Arquitectura da Universidade Agostinho Neto fez uma conferência sobre A Arquitectura e o Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável.Aí constatou também que estava em vias de legalização a Associação "KWATerra, que tem como finalidade a educação e o desenvolvimento e integração sociais e vem dar corpo institucional a uma obra social já começada com a colaboração do arquitecto Maurício Ganduglia.Os seus objectivos:- A sensibilização para os sistemas e valores da construção tradicional,- A formação integral das pessoas intervenientes nos processos de construção- O respeito pelo meio ambinte e espaço urbano,- A planificação construtiva urbana e territorial e- A comunicação e difusão de técnicas, actores e projectosTrata-se de uma organização não governamental de direito angolano, sem fins lucrativos.A sua actividade de aproveitamento de técnicas de construção com materiais locais e o recurso ao BTC (Blocos de Terra Compactada) tem já cerca de 10 anos com obras nas seguintes localidades angolanas:- Gabela (1ª experiência), Uige, Luanda, Benguela, Dondo, Huambo, Lwena e Menongue.Desta associação, ora formada, fazem parte técnicos, artesãos, artistas plásticos, educadores, engenheiros e arquitectos, entre outros que se interessem pela integração social, educação, construção ecológica e pelas questões ambientais". Jacinto Rodrigues participou também no IX Congresso Luso-Afro-Brasileiro em Ciências Sociais, em Luanda. Aí, no quadro do painel que orientou, criou-se um blog: http://ecologiaambiente.blogspot.com/ - Esteira do Ambiente. Trata-se de uma plataforma entre pessoas sensíveis às questões ecológicas e interessadas numa perspectiva de desenvolvimento ecologicamente sustentável. Nesse blog encontram-se algumas propostas para a luta contra a fome, epidemias e pobreza.

Filme Conspiração Solar do Padre Himalaya no site Ecoline

O filme "A Utopia do padre Himalaya" realizado por Jorge António e produzido pela Lx Filmes, baseado no livro do Professor Jacinto Rodrigues "A Conspiração Solar do Padre Himalaya", Ed. Árvore, Porto, 1999 e que foi objecto de trabalho nas primeiras aulas de ecologia urbana de 2006-2007, está agora disponível ao público no interessantíssimo site sobre ecologia: http://ecoline.ics.ul.pt/ organizado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Acaba também de ser criado, em França, um blog sobre o Padre Himalaya cujo endereço é: http://padrehimalaya.podemus.com/index.php Também sobre o Padre Himalaya e sobre o desenvolvimento ecologicamente sustentável, o Professor Jacinto Rodrigues foi entrevistado pela tv francesa: Pour information: Site internet : www.66tv.fr Rubrique...Développement Durable Le professeur d'Université de Porto, Jacinto Rodrigues interviewé ( 6mn et 5 mn ) par Jacki Solé, lors de la fète du soleil et de l'association du 11 juin 2006 sur le site des vestiges du four solaire du "Padre Himalaya".

Informação do Eng. Tiago Mateus

Tenho bastante material do Engenheiro Tiago Mateus, da Vulcano, que me foi fornecido pelo professor Jacinto Rodrigues. Dada a especificidade da informação, que consiste em desenhos detalhados de pisos e paredes radiantes, e pdf's com informações técnicas sobre bombas de calor de baixo consumo energético, kits solares para água quente sanitária, etc, não vou publicar no blog. Em vez disso, gravei um cd que passarei a levar para a aula de ecologia para quem quiser consultar e copiar. Deixo duas imagens a título de exemplo.

24.1.07

Notícias


Engenheiro Tiago Mateus;
O Engenheiro Tiago Mateus, que trabalha na Vulcano e brevemente estará entre nós na cadeira de ecologia urbana, para uma breve introdução às questões da energia solar, enviou documentação que está disponível na turma.

Centro Tibá - Arquitecto Johan van Lengen
O arquitecto Johan van Lengen, organizador do Centro Tibá no Brasil, virá a Portugal provavelmente em Maio de 2007 à cadeira de Ecologia Urbana.
Neste momento os alunos da cadeira de ecologia urbana, Meco e Paulo, estão a montar um filme que mostra a visita do Professor Jacinto Rodrigues ao Tibá e contém entrevistas ao conhecido arquitecto Johan van Lengen, autor do livro "O arquitecto descalço", traduzido em várias línguas, assim como imagens do Centro Tibá e da metodologia que aí se desenvolve.
Inserimos aqui o programa dum curso que vai decorrer no Tibé sobre "Alfatectura".


TIBÁ www.tibarose.com

CURSO DE ALFATETURA: 25 a 28 de janeiro de 2007
Arquitetura Intuitiva
Para aumentar o nosso potencial criativo é necessário sabermos qual dos dois hemisférios cerebrais está trabalhando - o esquerdo é guiado por estímulos de fora, enquanto o direito recebe estímulos do nosso mundo interno.Nos processos de planejamento em Arquitetura e Urbanismo, às vezes é necessário sermos lúcidos e analíticos, assim como em outros momentos torna-se imperativo que nossa imaginação aflore. Em outras palavras, passamos do hemisfério esquerdo para o hemisfério direito de nosso cérebro.

O curso de ALFATETURA no TIBÁ mostra como podemos estar conscientes das ondas beta por meio de vários exercícios de lógica, seguidos por oficinas de trabalho onde aprendemos a acessar a nossa criatividade natural através das ondas alfa e como aplica-la tanto em nossa profissão como em outras atividades criativas. Para se ter uma idéia do curso, listamos os seguintes conteúdos:

AULAS DE LÓGICA:
*Introdução ao método Beta
*Dados do terreno em forma modular
*Dados das atividades e seus espaços
*Matrizes de afinidades
*Análise urbanística
*Análise arquitetônica
*Insumos não traduzíveis
*Preparação de mapas analíticos
*Traduções dos insumos principais
*Desenho de um projeto
*Análise visual: “diagramas de forma”
*Verificação e retro-alimentação

AULAS DE INTUIÇÃO:
*O uso da respiração na meditação
*Mudar o ritmo das ondas cerebrais
*Eco-imaginação na criatividade
*Exercícios em grupo
*Zonas desconhecidas do cérebro
*Entrar na visão periférica

No último dia do curso, os participantes vão aplicar estas duas maneiras de perceber a realidade nos projetos arquitetônicos.

INSTRUTOR
JOHAN VAN LENGEN, arquiteto, autor do Livro "Manual do Arquiteto Descalço".

LOCAL
TIBÁ em Bom Jardim - RJ.

VAGAS LIMITADAS

CUSTO
Curso ALFATETURA por pessoa: R$500,00 que pode ser parcelado em: R$250,00 de entrada para reservar sua vaga, e um cheque pré-datado para 30 dias de R$250,00 a ser entregue no início do curso.
(incluindo hospedagem, alimentação e material).

FICHA DE INSCRIÇÃO
www.tibarose.com/port/cursos.php

FORMA DE PAGAMENTO
Depósito em nome de Johan Moes. Banco Itaú, AG 0532 - CC 18227-6. R$500,00 ou R$250,00 de entrada para reservar sua vaga, e um cheque pré-datado para 30 dias de R$250,00 a ser entregue no início do curso.
CONFIRMAÇÃO DE INSCRIÇÃO
Enviar o comprovante do depósito ou a informação contida no mesmo incluindo seu nome completo para o e-mail cursos@tibarose.comSem o comprovante de depósito ou a informação contida no mesmo sua vaga não será confirmada.
TIBÁ - Tecnologia Intuitiva e Bio-ArquiteturaR. Inglês de Souza 296Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJCEP-22 460-110 - BrasilTel: (55) (21) 2274-1762www.tibarose.com

Sara Bessa Monteiro - Livro "Viagem ao Centro de Mim"
Uma ex-aluna da cadeira de ecologia urbana, Sara Bessa Monteiro, acaba de publicar um livro com poesias e desenhos em que revela uma grande sensibilidade às questões ecológicas. Na apresentação deste livro, Jacinto Rodrigues escreveu:
"Ao longo dos anos na minha actividade de professor na universidade fui-me apercebendo que o papel essencial da educação não é transmitir informações mas sim desenvolver um processo de investigação-acção em que o desenvolvimento pessoal se constrói na interacção consciente, numa dinâmica de grupo.
Em tal processo pedagógico activo o aluno aprende e ensina. Assim, são as atitudes que se forjam e não apenas opiniões e comportamentos que se manipulam ou adestram.
Nas nossas aulas de ecologia urbana na FAUP ensaiamos meditações dinâmicas na descoberta de arquétipos das formas, trabalhando a argila e fazendo desenhos. Ensaiámos também a consciência do corpo na relação entre movimento e música, buscando nos exercícios de euritmia ou nos “trabalhos” de Gurdjieff o centro de gravidade, a simetria e assimetria, o caos e a ordem, etc.
O estudo do eneagrama permite o conhecer-se a si mesmo conhecendo os outros. Assim, das referências sobre as “personas” busca-se um “eu” activo, capaz de lidar conscientemente com o movimento dinâmico tripolar entre pensamento, acção e emoção. Revela-se a tensão sistémica e dialógica desta tríade com as outras sensibilidades afins que referenciam personagens diversas.
Desconstrução e construção, universalidade e singularidade e demais temas foram objecto das aulas de ecologia que para além de ecologia urbana eram também de ecologia espiritual.
Afinal o homem e a biosfera constituem uma interacção permanente entre Logos e Topos, estabelecendo ecosistemas que se metamorfoseiam.
Todas as experiências vividas no estudo desta problemática, permitem dar sentido e pilotar a vida. Trata-se de buscar uma via de libertação pela autonomia da nossa consciência.
Foi neste contexto que tive como aluna a Sara.
Não era necessário dizer e muito menos repetir… A Sara “sabia” porque dentro dela já havia o “fazer o vazio” de quem há muito procurava sair da mecanicidade repetitiva dum quotidiano que nos amarra ou do qual permitimos condicionamento.
A viagem da Sara estava já em marcha. A vontade “pessoana” de ter vários heterónimos que nos descreve no seu livro, em ser “guardadora de rebanhos” ou “monge ermita isolado num templo budista” são reflexos duma individualidade polifacetada que revela a vocação de actriz capaz de criar “as várias vidas de que tanto necessito”.
Os desenhos que povoam o livro são imagens que comunicam conceitos, são mensagens poéticas de quem “aprendeu a ver” e “sabe ser criança para sempre” (…) “de estar simplesmente estando como se todas as coisas fizessem parte de mim e eu delas”.Este livro de poesia, desenho e filosofia é um livro de nostalgia espiritual de quem faz da vida uma procura, uma demanda, uma viagem entre o céu e a terra".


Arquitecto Filipe Francisco
Da aula de 23 de Janeiro aqui vão duas fotografias











Doutoramento do Arq. Luís Pinto Faria



O arquitecto Luís Pinto Faria realizou no dia 16 de Janeiro de 2007 o seu doutoramento "Arquitectura e Cidade - O Paradigma Ecológico no Desenho Urbano do séc. XXI" . Lembramos aqui que o Doutor Pinto Faria foi aluno desta Faculdade e há duas semanas esteve na FAUP, na cadeira de ecologia urbana, onde resumiu o seu trabalho de investigação que vem realizando desde há 10 anos, pois o seu mestrado já era sobre ecologia e arquitectura. O Professor desta cadeira, Doutor Jacinto Rodrigues, foi orientador do mestrado e deste Doutoramento agora realizado na Lusíada e que obteve por unanimidade a classificação de 19 valores.
Ao apresentar o trabalho nesta aula, referiu a importância da ecologia pois ela "está hoje a informar a arquitectura e o urbanismo, não só por via da componente ambientalista, que lhe é denotada mas, fundamentalmente enquanto estrutura lógica complex - pensamento ecologizado - capaz de reorganizar teoricamente termos como sustentabilidade, ecoarquitectura, ecourbanismo, arquitectura orgânica ou arquitectura verde, num mesmo contexto histórico disciplinar alargado, sustentado no passado, no presente e com ambição especulativa sobre o futuro."

Livro sobre Pancho Guedes


O Doutor Miguel João A. Santiago Fernandes é Professor na Universidade Lusófona - Coordenador-Adjunto do Curso de Arquitectura do I.S.M.A.T., Portimão..
Formou-se em Arquitectura, na FAUTL em 1993.
Em 1996 conclui o mestrado com o tema "As Cidades e o Desejo - Metamorfoses da Utopia no final do séc XX / Rem Koolhaas em Lille".
Doutorou-se em 2005 com uma tese sobre o Arquitecto Pancho Guedes.
Encontra-se no prelo, na Editora Caleidoscópio, a publicar em Março de 2007, um livro que escreveu sobre Pancho Guedes.
No prefácio o Professor Jacinto Rodrigues escreveu:

"Escolher fazer um livro sobre Pancho Guedes é já por si um gesto significativo. Implica um desafio a favor da singularidade e da criatividade e da abertura de horizontes sócio-culturais:

- A complexidade artística de Pancho Guedes exprime-se de modo diversificado tanto na arquitectura como na pintura, escultura, desenho e escrita, revelando uma multiplicidade dos gestos criativos.

- A abrangência de uma longa vida com um empenhamento cultural e cívico em paradigmas culturais e civilizacionais diversificados torna a sua biografia de uma singular profundidade e simultaneamente de uma universalidade cosmopolita, dado que viveu em diferentes continentes e em países de desigual desenvolvimento.

- A obra de Pancho Guedes é reveladora de estilos e de influências várias. Mas é igualmente uma expressão de contra-corrente criativa, endógena ao seu espírito irrequieto e de reflexão pessoal voluntarista.

- É ainda uma obra intensa e múltipla. Espraia-se em projectos de urbanização, construção de edifícios, pinturas e escritos. Mil projectos e utopias ao longo de décadas e centenas de realizações dispersas em vários lugares e países.

É este extraordinário tesouro caleidoscópico e polifónico que o Arquitecto Miguel Santiago Fernandes ousou estudar ao escrever este livro sobre a vida e obra de Pancho Guedes.

O livro que aqui vemos faz este prodigioso esforço de quem também em contra-corrente com os estreitos horizontes da cultura arquitectónica académica em Portugal, afrontou esta enorme tarefa de perceber por dentro a obra de Pancho Guedes.

Neste trabalho há muito mais do que a tarefa documental, difícil e necessária numa tese, de arquivar documentos, de registar e situar as obras, coligir textos e classificar fotos, pinturas, desenhos e projectos. Há a viagem. A peregrinação aos locais que fez o Miguel Santiago Fernandes calcorrear países e lugares onde Pancho Guedes estudou, viveu e criou as suas obras.

É de realçar o longo trabalho de registo e investigação sobre “GuedesBurgo” ou seja Maputo, antiga Lourenço Marques onde Pancho Guedes deixou a marca indelével dos seus principais edifícios.

Neste livro mostram-se também as metamorfoses várias da obra complexa de Pancho Guedes. Uma composição aparentemente paradoxal entre o orgânico e o moderno, entre moderno e pós-moderno ou até pré-moderno e neo-moderno.

Na obra de Pancho Guedes diluem-se fronteiras, revelam-se gestos plásticos onde também estão estruturas e exprimem-se formas racionais onde coexistem escultóricas formas arquitecturais, tradições e descobertas.

Uma polifonia sistémica faz interagir a arte e a técnica de tal modo que nunca podemos distinguir fronteiras ou rupturas. É assim um fluir de metamorfoses como nos revela o autor do livro.

E é talvez por isso que em Pancho Guedes o gesto erudito ou o gesto vernacular estão patentes nas suas obras. Veja-se a simplicidade vernacular do Jardim de Infância clandestino no caniço de Maputo, onde a auto-construção e a reutilização de materiais fazem lembrar as casas do Rural Studio de Samuel Mockbee. para os bairros pobres de Alabama. E simultaneamente o registo hiperconstrutivo da Garagem Otto Barbosa ou do projecto para a Torre Ideal para o Montepio de Moçambique.

Miguel Santiago Fernandes mostra a inteireza deste extraordinário artista arquitecto que é Pancho Guedes. As “personas” que nos revela, ao longo da obra complexa, são como a gigantesca coerência poética que fazem de Pancho Guedes o Fernando Pessoa da Arquitectura, tal como Miguel Santiago Fernandes assinalou.

Interessa ainda mostrar uma qualidade que a metodologia seguida pelo autor nos revela. A escrita resultou também de longas horas de conversas, de filmagens, de inúmeras visitas familiares e profissionais que Miguel Santiago Fernandes realizou com Pancho Guedes.

Por isso, o retratado, Pancho Guedes, torna-se várias vezes autor, intervindo no percurso da investigação de Miguel Santiago Fernandes. Procedendo de um modo pessoano vai ele próprio distanciar-se de si mesmo. A sua própria subjectividade dá lugar a uma reflexão activa sobre si próprio ao ver-se retratado.

E assim, Pancho Guedes intervém criticamente nas considerações tecidas sobre a sua própria obra. É nesta dinâmica sistémica que o autor se torna espelho e o retratado torna-se autor. Surge assim, nesta dialógica, uma acção comunicativa que melhor exprime a obra e o autor.

Deste modo, através de informações e reflexões dum olhar plural e interactivo de quem fez da investigação uma vivência participada, revela-se uma observação, implicada na complexidade dos paradigmas em que se move a arte e a arquitectura, nos tempos de hoje."




"Marche du vivant"

No dia 6 de Fevereiro de 2007 vai-se dar início à "Marche du vivant" que pretende ser a maior manifestação ecológica, realizada até hoje, em França.

Trata-se de uma acção de pedagogia social, de enorme alcance público. A marcha partirá de uma pequena aldeia na região dos Pirinéus - Bugarach - e chegará a Paris em Maio de 2007, período entre as eleições presidenciais.

Nesta marcha, participarão dezenas de associações ecológicas e de cidadania, assim como centenas de artistas e personalidades. Estão previstas sessões culturais ao longo das várias aldeias, vilas e cidades. Palhaços, artistas de circo, pintores e conferencistas animarão várias manifestações culturais, sessões de cinema, concertos, etc.

Nesta marcha será apresentada uma casa ecológica - Quiosque da ecologia social - da iniciativa de jovens e professores donde se destaca o Arquitecto Michel Rossell.

Este quiosque estará montado num camião TIR que acompanhará a Marcha e mostrará, de forma exemplar, o uso das energias renováveis e múltiplos sistemas de materiais construtivos biodegradáveis, depurativos e de sustentabilidade agro-ecológica.

Esta manifestação faz-se para alargar a consciência cívica face às alterações climáticas resultantes duma tecnosfera fóssil, esgotante e contaminante que o actual modelo insustentável gera.

paredes em terra



Existem várias formas de fazer paredes em terra: taipa, BTC, adobe e superadobe.
A taipa é muito usada no Alentejo; é um sistema mais caro do que os outros, porque demora mais tempo a ser executado em obra. Consiste na compactação de terra, por camadas, usando um martelo compressor e cofragens laterais. Tem que existir sempre uma estrutura auxiliar, que pode ser de madeira.
O BTC consiste em blocos constituídos por areia, terra, argila, e 5% de cimento ou de cal. O cimento endurece mais rapidamente, o que se traduz numa economia na obra. O interesse deste processo, é que os blocos podem ser produzidos com formas de encaixe. Em alternativa ou complementaridade, os blocos podem ser travados verticalmente, por exemplo com bambu madeira, ou material semelhante.
O adobe constitui-se por blocos de terra com argila, palha, areia e água, sem matéria orgânica. Pode usar-se palha para melhorar a estrutura do tijolo, dando-lhe mais resistência à tracção. Um tijolo com dimensão de 15 x 20 cm em planta, pode pesar cerca de 16 kgs... compreende-se que estas paredes possam ser portantes. Apenas os cantos, quando existem, deverão ser reforçados para melhor resistência aos sismos.
O superadobe é um processo que utiliza terra ou areia colocada em sacos, e empilhados como se de tijolos se tratasse. Estas pilhas têm que ser travadas verticalmente. Não há notícia de que este processo tenha alguma vez sido utilizado em Portugal.

No estudo das questões sísmicas, surgem os "mourões", que podemos observar nas casas típicas do Alentejo. São reforços perpendiculares às paredes exteriores, que auxiliam a casa na ocorrência de sismos.
Numa parede de 40 cm de adobe, 1/3 da energia do exterior só é transmitida para o interior 6 a 8 horas depois de incidir no exterior, constituindo assim um sistema de aquecimento passivo. Existe menos necessidade de aquecer a casa. O problema do aquecimento excessivo é facilmente resolvido através da ventilação natural.
As paredes não podem ter isolamentos que constituam barreiras para o exterior, senão a casa perde a sua capacidade de ter ganhos solares passivos. Por exemplo, as paredes viradas a norte podem ter isolamento em cortiça para aumentar a sua defesa relativamente às agressões térmicas, enquanto que a sul temos ganhos solares controlados.
Uma boa orientação solar pode complementar as condições para um bom comportamento térmico do edifício.
Não deveriam ser usadas tintas plásticas sobre nenhuma superficie de parede e no adobe é exactamente igual, apenas isolamentos e revestimentos que não impeçam a respiração das paredes.
Existem edifícios de adobe com 14 e 15 pisos. Para isso, os pisos inferiores terão que ter paredes resistentes com uma grande espessura, que vai diminuindo à medida que se sobe no edifício.
O adobe é também dos melhores materiais para insonorização, devido à sua elevada massa, que absorve as ondas sonoras.
Neste sistema construtivo não se verificam condensações, porque existem trocas constantes entre o interior e o exterior (apesar de lentas).
A cal vai endurecendo ao longo dos anos, num processo de molecurazição que consome dióxido de carbono, o que pode constribuir para a melhoria da qualidade do ar no interior do edifício.
Finalmente, temos a informação de que existe uma empresa no Algarve que produz e vende tijolos de Adobe, a Construdobe. No entanto, comprar os tijolos já feitos nem sempre é o um processo economicamente viável e ecológico, devido às grandes deslocações que o material tem que efectuar para chegar ao local de construção.
Ficamos à espera de assisir às construções e projectos do Arq. Filipe Francisco em terra e outros.

23.1.07

Hoje recebemos a visita do Arquitecto Filipe Francisco, um eco-arquitecto que trabalhou com o Arquitecto Pedro Correia, e que tem formação em permacultura e geobiologia. Ainda no rescaldo desta visita que nos deixou a reflectir sobre variadas questões, deixo aqui alguns apontamentos sobre os temas lançados..
Em primeiro lugar, o Filipe falou-nos de um projecto para uma casa ecológica em Aveiro que ele colaborou aquando do seu estágio com o Arquitecto Pedro Correia, que brevemente passará à fase de construção. A estrutura desta casa, construída em paredes auto-portantes em adobe, e foi calculada pelo engenheiro Pedro Maia, um dos poucos em Portugal que se dedica ao calculo de este tipo de estruturas de edifícios de terra.O edifício cumpre todos os regulamentos e todas as exigências estruturais, por isso pode ser aprovado legalmente como qualquer outro, ao contrário das ideias que geralmente temos sobre o assunto. Alguns de nós começamos por pensar que seria difícil aprovar o projecto de construção de uma destas casas, dentro dos parâmetros exigidos pelas nossas Câmaras Municipais.
Pelos vistos até existe um senhor (conhecido por Shrek, disseram??) que se dedica à construção corrente de casas de terra, no Alentejo e no Algarve.
O Filipe explicou-nos que a terra resiste bem à compressão, e mal à tracção e à torção. Por isso, a forma do edificio é mais eficiente estruturalmente quando utilizamos formas arredondadas, abóbadas e arcos, que funcionam à compressão e têm um bom comportamento ao sismo. No caso de formas angulosas, os cantos têm que ser reforçados estruturalmente, para que o edifício resista em caso de sismos.
O cimento e o reboco não devem ser usados na construção em terra, porque têm tendência a fissurar. O material de acabamento mais apropriado para a construção em terra é a cal. Existem várias formas de fazer cal... uma forma fácil é recorrer aos produtos da empresa "Fradical", que a fornece pronta a utilizar; foi referida também a existência de um senhor em Guimarães que conhece uma técnica especial de fazer cal, incorporando saibros, etc.
Existem várias formas de fazer paredes em terra... pela extensão da informação que o Filipe nos forneceu, penso que se justifica referí-las num "post" independente.
Em Trás-os-Montes existem fornos em terra, e há notícia até da existência de poços de água feitos em terra, em Portugal.
O professor Jacinto Rodrigues referiu-nos o arquitecto Hussein Fathy como sendo um dos mais conhecidos arquitectos a construir em adobe. Construiu uma aldeia no Egipto e publicou um livro "Construir com o povo e para o povo" onde explicita as técnicas antigas que utilizou na edificação da referida aldeia de Gurma.
Nos posts seguintes apontarei as principais características do adobe referidas na aula, assim como uma última parte muito interessante, esta que julgo nos ter deixado mesmo todos a pensar...

O arquitecto Filipe Francisco, que realizou o curso de arquitectura na FAUP, apresentou como trabalho final o projecto de uma casa ecológica cuja dissertação se encontra na Bilioteca da FAUP com o título "Uma experiência ecológica - uma casa unifamiliar em Gaia".
Além disso frequentou vários cursos de formação sobre geobiologia e permacultura.
Foi colaborador, durante 1,4 meses, na área da eco-arquitectura na empresa COMTERRA, eco-arquitecturas e eco-construção Lda.
Tem, neste momento, vários projectos de carácter ecológico, reconstrução de casas para turismo rural e organização de protótipos para aquecimento solar e produção de electricidades 24 horas através de energias renováveis e umas fundações ecológicas para casas de madeira.
A divulgação do seu trabalho pode ser consultada em:
http://www.ecocriacoes.blogspot.com/ (Blog da empresa) e http://www.setuproprio.blogspot.com/ (Blog sobre Auto-conhecimento)
O arquitecto Filipe Francisco estará disponível para uma reflexão conjunta com os alunos de Ecologia Urbana sobre materiais de ecoconstrução, energias renováveis aplicadas à arquitectura e ainda elementos de geobiologia que possam ajudar a uma melhor implantação dos edifícios bem assim como construção de habitat saudável."

16.1.07

introdução ao blog

Este blog pretende constituir-se como plataforma de abertura ao exterior da disciplina de Ecologia Urbana do 5º ano da faup, docência do Professor Doutor Jacinto Rodrigues. Muitos dos conteúdos discutidos em aula são do maior interesse e poderão ser enriquecidos com o contributo de todos, dentro e fora da faculdade. Assim o esperamos :)