Ecologia Urbana

Blog da disciplina de ecologia urbana, do 5º ano da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, docência do Professor Doutor Jacinto Rodrigues

13.5.08

Sobre a disciplina de Ecologia Urbana. Breve Nota.

Caros amigos e amantes do ambiente. Antes de mais um pedido de desculpa pelo facto de este blogue estar inactivo há tanto tempo, mesmo que por motivos que nos foram alheios. Mas esses tempos de inércia terminaram, esperemos que de vez, e que de futuro seja possível mostrar o que tem sido feito, e o que irá ser feito, na disciplina de ecologia urbana do quinto ano da FAUP. É um privilégio, uma honra, mas também uma grande responsabilidade ser o porta-voz da disciplina neste blogue. Há muito para contar relativamente as actividades que foram feitas ao longo do ano lectivo, desde visitas de estudo, workshops, assim como actividades elaboradas durante as aulas. Como o ano vai longo, começarei pelas actividades mais recentes, até chegar as actividades mais longínquas no tempo. Como podem verificar não houve, até hoje, mais do que um “post” relativamente a assuntos directamente ligados à disciplina (visitas de estudo, visitas de arquitectos, workshops, actividades em geral). As actividades elaboradas nesta disciplina, por mais pequenas que sejam, são de extrema relevância para a formação e crescimento enquanto alunos e futuros profissionais de arquitectura, mas acima de tudo, enquanto indivíduos que necessitam de actuar, de ser pró-activos nas questões ambientais, assim como no dia-a-dia. Apesar de haver cada vez mais informação, e cada vez mais sinais preocupantes que revelam os verdadeiros estragos e efeitos da força poluidora (destruidora) do Homem sobre a natureza, as mudanças de atitude por parte do Homem perante esses problemas, não estão, aparentemente, a ser suficientemente céleres para a sua resolução. Cabe-nos a nós, alunos e visitantes deste blogue, tomar um papel activo na alteração da mentalidade dos que nos rodeiam. A ideia de que “não vale a pena ser ecológico porque ninguém o é”, é uma ideia que deve ser posta de parte, pois só através do exemplo teremos influência sobre as outras pessoas. Muito em breve, colocarei mais informação no blogue relativamente as actividades das aulas. Até lá, um Forte Abraço, Tiago.

24.4.08

TRABALHO PRÁTICO DOS ALUNOS DE ECOLOGIA URBANA 2007-2008

O trabalho prático, este ano, constitui mais um passo nas preocupações pedagógicas que a cadeira de ecologia urbana vem promovendo.
Desde há vários anos, conforme se pode verificar através das sucessivas contribuições na Anuária e no jornal A Página da Educação, tenho promovido uma focagem ecológica através de propostas concretas. Temos feito uma abordagem mais centrada sobre a cidade do Porto.
Foram vários os trabalhos dos alunos sobre a cidade: trabalhos práticos sobre o Porto, o Parque da Cidade, o Campus Universitário e este ano, a Faculdade de Arquitectura.
Ao longo destas experiências temos vindo a utilizar a metodologia Dieter Magnus, na revelação duma realidade que se pretende mudar e que exige uma visualização prévia de cenários possíveis que antecipem essa estratégia de mudança.
Por outro lado, utilizando o conceito de acupunctura urbana de Jaime Lerner, procuramos propôr intervenções em pontos decisivos que devido ao posicionamento e à dinâmica de conteúdo social, criem sinergias para uma transformação mais profunda e alargada. Esses pontos de intervenção sistémica mobilizam acções interactivas no local e no global, contribuindo assim para uma geoestratégia articulada e planeada a curto, médio e longo prazo.
A escolha da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto é um exemplo dessa eco-geoestratégia.
Gerar uma escola de arquitectura pela sua forma e conteúdo exemplares é agir num edifício de valor simbólico para a arquitectura. Por outro lado, ligando o edifício à própria formação de eco-arquitectura é gerar novos agentes para o futuro da arquitectura.
O eco-edifício torna-se gerador de sustentabilidade e maior autonomia para a manutenção do seu funcionamento, tornando-se uma experiência-piloto exemplar.
Vejamos como se pode antever esse edifício exemplar:

1. Criar um espaço de relação com a comunidade, abrindo a escola a serviços para o exterior (cursos, workshops, cinema, teatro, música, etc.);

2. Criar uma escola para crianças com um jardim de aventuras que possa dar apoio aos filhos de professores, funcionários e alunos e também para a população do bairro;

3. Desenvolver hortas rurais de apoio à cantina e um ponto de venda com produtos agro-ecológicos. O uso da permacultura poderá estabelecer “zonas” inter-activas e permitir elementos simbióticos geradores de multifuncionalidades integradas. Assim, os taludes serão processos naturais de divisórias, corta-ventos e simultaneamente eco-topos para variadíssimas produções de arbustos e árvores de fruto. A cantina poderá abrir-se a utentes externos à escola;

4. Desenvolver uma logística em energias renováveis que permita fazer da eco-escola um centro positivo, gerador de energia (eólica e solar) que, para além de tornar autónoma a Faculdade, permitiria a venda de energia à EDP;

5. Promover a recolha de águas pluviais e proceder à biodepuração de águas residuais. Estas águas podem permitir reservas para a horta e pomar, ao mesmo tempo que podem alimentar uma piscina biológica e lago piscícola;

6. Proceder a um ciclo de metabolismo circular de modo a que todo o “lixo” se torne “nutriente” no processo de reciclagem e reutilização. Os nutrientes orgânicos são compostados e utilizados como fertilizantes em agro-ecologia. As águas serão, como vimos, reutilizadas nas diversas funções (rega, uso doméstico, piscina, lagunagem, etc.);

7. Um vasto sistema de bioclimatização permitirá, preventivamente, evitar despesas no aquecimento ou arrefecimento. Será necessário proceder a um eco-paisagismo, orientando as árvores e os desníveis, os muros verdes, os taludes, os declives e os espelhos de água, como pontos de equilíbrio bioclimático externo, antes mesmo de intervir no edifício. No edifício, propriamente dito, o uso de materiais de acumulação térmica e de isolamento, permitirá um maior conforto, sendo aplicados vários sistemas (tectos verdes, sistema Trombe, termoacumuladores solares, acumuladores de poços canadianos e provençal, estufas solares, etc..

8. Criar uma rede de comunicações pedonais, passarelas e vias de velocípedes, integrando todo este sistema aos transportes colectivos de ecotransporte.

Todos esses processos serão articulados segundo uma sensibilização estética e uma funcionalidade sistémica gerada através de uma ecotecnologia o mais apropriável possível pelos utentes.
Estas actividades exigem ecocompetências transdisciplinares e pressupõem equipas solidárias de investigação e aplicação prática.
É a renovação universitária, por excelência, deste projecto que pretende ser uma ruptura epistemológica em relação à forma do ensino tradicional, baseada no academismo serôdio, na ausência de experimentação e no corporativismo dum saber disciplinar limitado e arrogantemente auto-convencido.

Professor Doutor Jacinto Rodrigues

Catálogo de imagens de soluções já realizadas em diferentes sítios


21.3.08

Workshop MIT

Caros alunos do 6º ano da FAUP, Informamos que nos próximos dias 24, 25 e 26 de Março de 2008 iremos receber na FAUP uma delegação do MIT (Massachusetts Institute of Technology) que irá apresentar o Projecto "Vertical Studio - SOFT SPACE : Active Cladding Sustainable Strategies for Textile Construction", numa acção de parceria entre o MIT e a FAUP. Este Studio, composto por oito alunos do Departamento de Arquitectura do MIT, é dirigido pela Arq. Sheila Kennedy (Boston), com a colaboração da Arq. Sofia Thenaisie e do Arq. Álvaro Andrade (Porto). Convidam-se os interessados a participar nesta acção a inscreverem-se para: aandrade@arq.up.pt A inscrição deverá incluir os seguintes dados: Nome Completo / Data de Nascimento / Situação Académica (estágio/seminário, área de interesse para prova final, professor orientador) Projecto MIT Com espírito interdisciplinar, este Vertical Studio do MIT procura explorar a integração de nano-materiais solares flexíveis, com construção têxtil ultra-leve como um novo medium para a geração e distribuição de energia renovável em arquitectura. O Studio oferece aos estudantes do MIT a oportunidade de trabalhar directamente com a última geração de materiais colectores de energia, flexíveis e ultra-leves, que redefinem como e onde a energia é produzida, desafiando as convenções modernas de centralização de serviços de fornecimento de energia, e criando novas potencialidades para novas experiências espaciais e para o uso das superfícies arquitectónicas. O Studio criará oportunidades de discussão interdisciplinar com MIT Architecture & Urban Studies Department, o MIT Design Lab's Entrepreneurial Programming & Research on Mobile Phones (EPROM) e o MIT Center for Photovoltaic Research. Os estudantes que integram o Studio farão propostas arquitectónicas hipotéticas para um local específico em Portugal, para demonstrar conceptualmente como os protótipos de revestimento solar activo podem ser aplicados no contexto de um programa e local específicos. Para explorar os potenciais de fotovoltaicos flexíveis, os alunos do Studio irão encarar questões-chave na prática contemporânea do desenho arquitectónico - a identificação de oportunidades espaciais e programáticas oferecidas pelo uso de energias renováveis, a criação de soluções de coberturas/revestimento para geometrias de curvatura complexa e o desenvolvimento de técnicas de trabalho que permitam que o designer/criador opere simultaneamente em ambientes digitais e físicos. Em suma, o objectivo principal é explorar as potencialidades oferecidas por nano-materiais de avançada tecnologia, capazes de gerar energia, desenvolvendo-os e aplicando-os especificamente à situação geográfica e energética portuguesa. Participação portuguesa Na visita a Portugal, conversas e debates com os representantes de Sponsors e com estudantes da FAUP serão encorajadas para o processo de design/projecto. Deste modo, um pequeno grupo de oito alunos do 6ºano da FAUP, seleccionados por ordem de inscrição, será convidado, mediante inscrição individual, a participar no Workshop que acompanhará o Studio durante a sua visita a Portugal, nas referidas datas. Este Workshop incluirá a partilha de experiências na área projectual, visita ao local, sessões de exploração técnica de novos materiais. Serão fomentadas e incentivadas todas as eventuais colaborações futuras. Resultados Os resultados serão apresentados tanto no MIT como em Portugal através de sessões próprias de apresentação e de material digital que poderá ser divulgado pela internet ou por outros meios (publicação, exposição, difusão por outros media) Programa: Dia 24 10h Encontro na FAUP. Estudantes portugueses e americanos Disposição dos protótipos no pátio para início da captação da energia solar 11h Sala plana FAUP Arq. Sofia Thenaisie Sinopse histórica da cidade do Porto ALMOÇO 15h Sala Plana FAUP Eng. Albano Carneiro (Área Metropolitana do Porto) Perspectiva actual e futura do sistema de mobilidade da Área Metropolitana do Porto 15h30 Prof. Dr. Oliveira Fernandes (Agência de Energia do Porto) Âmbito de actuação da Agência de Energia do Porto - Propostas para plano energético 16h Alunos MIT Breve apresentação dos protótipos Dia 25 10h Casa da Música Visita ao terreno de projecto ALMOÇO 14h30 Sala Torre G ao nível do pátio. FAUP Team work 16h Sala Plana FAUP Alunos MIT. Presença das empresas: SHREDER, DST, EFACEC, TMG Exposição do Projecto SOFT SPACE: Active Cladding Sustainable Strategies for Textile Construction Explanação técnica relativa à última geração de materiais colectores de energia Apresentação dos protótipos na presença de luz e na ausência de luz Dia 26 10h Visita às obras de Siza Vieira (Piscinas de Leça, Casa de Chá, Serralves) ALMOÇO 15h FAUP Team work Desinstalação dos protótipos

9.3.08

Encontro com Pierre Rabhi

Pierre Rabhi nasceu na Argélia, num pequeno oásis do sul.
Muito novo moveu-se entre duas culturas. Preservando as suas raízes duma família sufi, argelina, foi educado por um casal de professoress franceses após a morte de sua mãe.
Em 1958, tendo vindo muito novo para França com os pais adoptivos, conheceu a vida operária numa fábrica de Paris mas acabou por vir a instalar-se numa província do interior, Ardèche, com a sua família, tornando-se agricultor. Orientando a sua actividade rural durante 25 anos para a agro-ecologia, tornou-se num “expert”. Veio a ser consultor de organizações internacionais e divulgou os seus conhecimentos em agro-ecologia em diversos países africanos. Ao longo da sua actividade como consultor, forneceu utensílios teóricos e práticos para a autonomia alimentar das populações, procurando reconciliar a actividade humana com a natureza.
Em 2002 lançou o “apelo para uma insurreição da consciência” e foi candidato alternativo às eleições presidenciais francesas. Tal como em 1974, Renné Dumont, célebre engenheiro agrónomo e pioneiro da ecologia, teve grande impacto sobre a vida política convencional. A problemática agro-ecológica tornou-se, a partir de então, objecto de debate alargado aos cidadãos.
A importância de Pierre Rabhi, cuja obra científica e literária é já reconhecida no mundo, está no facto de se engajar numa prática de vida, num ensino da frugalidade feliz que o tornaram numa figura emblemática: um novo Gandhi dos nossos dias.
As ideias-base de Pierre Rabhi podem resumir-se à:
- Não violência;
- Pertença inter e transcultural como atitude nova dum universalismo concreto, alimentado pelas experiências singulares vividas;
- Recusa do dogma do crescimento e defesa de um decrescimento na área das tecnologias contaminantes e de esgotamento;
- Recusa de uma modernidade em que se “vive para trabalhar em vez de trabalhar para se viver” e duma “civilização de combustão triunfante” da termodinâmica dissipativa que enjeita a realização criativa do trabalho manual e intelectual.
Rabhi desenvolveu uma acção em várias frentes. Da problemática altermundialista à intervenção local, abrangendo experiências em locais diversos como França, Marrocos, Burkina Fasso, etc. Pensar e agir criando alternativas participadas.
A palavra de ordem do movimento “Terre et Humanisme”, de que é Presidente de honra, consiste em promover experiências exemplares de agro-ecologia por todo o território - criar “um oásis em cada lugar”.
O movimento “Terre et Humanisme” tem apoiado inúmeras iniciativas em África e na Europa. Tem desenvolvido acções de formação, particularmente em agro-ecologia e na pedagogia social. Tem-se oposto à introdução de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) levando a cabo acções comuns, com várias organizações, contra as multinacionais responsáveis pela introdução dos OGM. Pierre Rabhi tem trabalhado em cooperação com a Universidade “Terre du Ciel” e tem sido uma voz activa na política favorável à consciência ecológica. Veja-se, o livro que escreveu, recentemente, com Nicolas Hullot . Trata-se de uma importante contribuição na ecosofia.
Por outro lado, encarando uma actividade prática, Pierre Rabhi realiza projectos-piloto em Marrocos, Burkina-Fasso, Mali, etc.
Actualmente, em cooperação com Michel Valentin, participa no projecto “Les Amanins”, escola de vida, quinta experimental educativa, cujo objectivo central é formar agentes de eco-desenvolvimento, dotados de intrumentos teórico-práticos para a mudança do paradigma.
No dia 22 de Agosto de 2007, depois de atravessarmos a pequena vila de Lablachère, seguimos para a casa de Pierre Rabhi, situada no lugar de Montchamp. É nesse lugar que se situa a quinta de Pierre com uma casa de construção vernacular onde encontramos a Michele Rabhi. O Pierre ainda não chegara duma reunião em Mas de Beaulieu.

A Michele mostrou-nos a pequena escola Montessori, construção pré-fabricada de madeira, que desde há 5 anos tem sido o local de trabalho de Sophie Rabhi, filha do casal. A quinta permite um contexto de apoio à formação educativa da escola. Assim, o pomar, a horta agro-ecológica, o galinheiro e as cabras constituem um complemento essencial à escolinha “Jardin d’enfants”. As crianças têm um contacto directo com o mundo rural e os produtos da quinta ajudam a complementar a alimentação das crianças.
Entretanto começamos a conversar com uma das educadoras. Ela explicou-nos: “A metodologia de ensino Montessori é amplamente articulada com inovações que surgem no contexto da quinta agro-ecológica praticada por Pierre Rabhi e também pelo olhar de novas experiências pedagógicas”.
Fomos ver a construção de uma “yurta” em lona que viera articular-se, com a sua forma redonda, à construção funcional e rectangular dos 2 pavilhões pré-fabricados em madeira.

Por outro lado, a sanita seca mostra a integração da escola no mundo rural, permitindo, no processo agrícola, a compostagem de dejectos humanos e outros nutrientes orgânicos como fertilizantes da terra. Revela-se assim o conceito de Lavoisier: na natureza nada se perde, tudo se transforma.
O “cabanon de la colère” é uma pequena cabana, um pouco isolada em que as crianças, quando estão muito excitadas, são convidadas a extravasar as suas energias e pequenas raivas. Uma espécie de catarse voluntária para acalmar os mais excitados e facilitar o ritmo da aula.

Entretanto chega o Pierre Rabhi. Recordamos a viagem a Marrocos, o estágio em agroecologia na aldeia de Kermet Ben Salem. E enquanto caminhávamos pela quinta, o Pierre relatava os programas internacionais do trabalho da Associação “Terre et Humanisme” em Marrocos, no Mali, no Senegal e Burkina Fasso.
Pode-se resumir assim a sua estratégia:
1) A mudança a partir da situação concreta em que se vive;
2) Ter consciência clara de que a felicidade terá de ser conquistada por nós mesmos;
3) Haver uma mudança essencial sobre a visão do mundo. A agro-ecologia poderá tornar-se no factor de harmonização do homem com a natureza, graças a uma ecotecnologia e a uma ecosofia.
Pierre Rabhi desenvolveu algumas ideias sobre a necessidade de se internacionalizar este conceito de criar “oásis em todos os lugares”.
Em seguida voltamos a revisitar o trabalho de Pierre Rabhi em França.
Relatou-nos a actividade desenvolvida já ao longo de anos na sede do movimento “Terre et Humanisme” em Mas de Beaulieu, onde os estágios de formação em agro-ecologia constituem a estrutura principal do trabalho.
Em 2008 irão fazer-se estágios de 6 dias:
- 14 a 19 de Abril
- 12 a 17 de Maio
- 30 a 5 de Julho
- 15 a 20 de Setembro
- 6 a 11 de Outubro
Nestes estágios dá-se uma formação abrangente de agro-ecologia:
- História da agricultura do neolítico até à actualidade;
- Noções de permacultura e biodinâmica;
E procede-se a uma prática de agro-ecologia:
- Trabalho de fertilização optimizada de solos, irrigação, compostagem, etc.
Tínhamos visitado o Mas de Beaulieu há já alguns anos. Mas, durante o ano de 2007 deu-se um salto qualitativo. Passaram pelo trabalho agro-ecológico da sede do movimento “Terre et Humanisme” mais de 200 estagiários e 160 cooperantes voluntários.
Neste período construiu-se um poço canadiano, um armazém agrícola, refizeram-se muros e plantaram-se novas árvores de fruto.
Importa referir ainda a cooperação de Pierre Rabhi no projecto intergeracional do Hameau des Buis, loteamento ecológico em torno de uma quinta agroecológica educativa. Este projecto nasceu da filha de Pierre, Sophie Rabhi e do seu marido Laurent.

A experiência de Les Amanins é uma outra iniciativa de cooperação conjunta entre Pierre Rabhi e Michel Valentin. Estes dois homens descobriram uma complementaridade que os consolidou em torno de um mesmo projecto - um centro agro-ecológico.
Num terreno de 55 hectares vai realizar-se uma experiência bio-económica onde a prática agro-ecológica se articula com uma actividade pedagógica em torno de uma escola com crianças e também à volta de ateliers de formação para adultos.
O coração do projecto é a quinta agro-ecológica . Mas também a escola do colibri, dirigida por Isabelle Peloux.

Este centro vai tornar-se uma experiência exemplar, formativa, demonstrativa e criativa para a necessária mudança de paradigma.
Será uma eco-escola em França, ao serviço de uma visão internacional do ecodesenvolvimento e da paz.
A visita que fizemos levou-nos às várias estruturas já construídas. Um centro de recepção, a futura padaria e cantina e os vários ateliers ligados à actividade agro-ecológica e à escola.
A bioconstrução integra-se num vasto plano de logística para ateliers, alojamento e protótipos de energias renováveis.
Entretanto, o Boletim de “Terre et Humanisme” tem-se expandido cada vez mais relatando além das actividades do Mas de Beaulieu os trabalhos realizados no domínio internacional.
Assim, dando provas de uma abertura intercultural e transcultural, Pierre Rabhi desenvolve a sua actividade numa perspectiva internacional e local.
São vários os países africanos onde existem, desde alguns anos, experiências exemplares orientadas segundo o trabalho de Pierre Rabhi.
A experiência no Burkina Fasso, em Goron Goron, com a implantação de um centro agroecológico, baseou-se nos recursos endógenos e na participação das populações. Tornou-se um exemplo internacional para um outro modelo de ecosustentabilidade para África.
O livro “Offrande du Crepuscule” descreve, em detalhe, esta experiência notável.
A actividade do movimento “Terre et Humanisme” alastrou-se ainda a outros países. Assim, tivemos o privilégio de vivenciar a experiência da aldeia de Karmet-Bensalem, em Marrocos onde se explicita esta prática agroecológica e de participação social criando locais demonstrativos de formação e reprodução de ecotécnicas ao nível da irrigação, compostagem e das hortas experimentais. Criam-se vários sistemas agro-ecológicos que vão desde celeiros, taludes, valados de irrigação anti-erosão, mini-crédito, etc.

No Mali, na aldeia de Tacharan, criou-se também um centro agro-ecológico, articulando várias actividades culturais como alfabetização, formação do associativismo nas mulheres e actividades de bioconstrução.
Actualmente, no Senegal, mais de 20 hortas associadas e articuladas ao Centro agro-ecológico experimental, permitiram já a formação de mais de 800 pessoas em ecodesenvolvimento. Realizaram-se 5Km de diques de irrigação anti-erosão e desenvolveram-se actividades pedagógicas com crianças e adultos.


Jacinto Rodrigues

27.11.07

Lançamento de um livro da Arq.ª Mariana Correia



Lançamento e Apresentação Pública do livro
"TAIPA NO ALENTEJO"
de Mariana Correia, em Évora, na 6ª feira, 30 de Novembro, pelas 18h 30m
no Fórum Eugénio de Almeida, na Rua Vasco da Gama, n.º 13

Livro que abre uma nova colecção designada “Arquitectura Tradicional”, no qual se publicam estudos de interesse do património português construído.

O Alentejo é uma extensa região onde a cultura e tradição construtivas eram marcadas pela corrente utilização da terra. A forte predominância de solos com limo e argila, o que levou o geógrafo Orlando Ribeiro a designar a região sul do país como a ‘civilização do barro’, traduzia-se pelo frequente uso de técnicas construtivas específicas, tal como a taipa, o adobe ou o tabique.

Na obra agora publicada, fruto da dissertação de Mestrado da arquitecta
Mariana Correia, a taipa é estudada de forma técnica e sistematizada após a análise das várias tipologias da arquitectura popular da região.

Mais de 200
fotografias, dezenas de desenhos e mapas completam este estudo inédito.
Formato 19 X 32 cm, 176 páginas, capa mole, quadricromia

Prefácio de Paul Oliver e Preâmbulo de Hubert Guillaut

Patrocínio:
Ministério da Cultura – Delegação Regional de Cultura do Alentejo

Apoio:
Fundação para a Ciência e Tecnologia, Fundação Eugénio de Almeida, Fundação Convento da Orada, Escola Superior Gallaecia, Município de Évora, Município de Reguengos de Monsaraz, STAP, Herdade do Esporão


ARGUMENTUM – EDIÇÕES, Lda Rua Prof. Queiroz Veloso, 2 1600 – 658 Lisboa
Tel: 213940547 / Fax: 213940548 Arq. Filipe Jorge: 962739449

23.10.07

curso no Tibá

CURSO DE AGROFLORESTA: 15 a 18 de novembro de 2007
INSTRUTOR: ERNST GÖTSCH

No curso serão abordadas as técnicas dos princípios do sistema agroflorestal a serem aplicadas na recuperação de áreas degradadas, criando agroecossistemas parecidos aos ecossistemas naturais e originais com o cultivo consorciado de plantas anuais, bianuais e perenes. Criação de florestas compostas por espécies produtoras de sereais, frutas e produtos florestais, ao longo do manejo do SAF, possibilitando produção a curto, médio e longo prazo.Também serão abordadas técnicas ecológicas de manejo do solo, como o reaproveitamento sistemático de matéria orgânica e manejo permanente.

Palavras de Ernst Götsch: "Estou tentando criar, em cada parte do mundo onde intervenho como agricultor, agroecossistemas que sejam parecidos, na sua estrutura e na dinâmica, ao ecossistema natural e original do lugar. Ao mesmo tempo, tento deixar como resultado de todas as minhas intervenções, algo positivo no balanço de vida e de energia complexificada em carbono, tanto no sub-sistema da minha intervenção, quanto no macroorganismo Planeta Terra, do qual somos apenas parte, e não mais importantes do que todas as outras espécies."

Tópicos do Curso: • Princípios de Sistema Agroflorestal dirigidos pela sucessão natural • Recuperação de áreas degradadas, criando agroecossistemas parecidos aos ecossistemas naturais e originais ao dos locais das nossas intervenções • Plantio intensivo e diversificado • Cultivo consorciado das anuais e bianuais como criadores de complexas florestas compostas por espécies frutíferas e florestais • Planejamento do SAF a curto, médio e longo prazo • Incorporação de vários estratos (plantas herbáceas, rasteiras, arbustivas e arbóreas de vários portes e estágios) • Análise de espécies de plantas presentes como indicadoras • Análise do estágio de sucessão das espécies • Reaproveitamento sistemático de matéria orgânica • Plantio direto com sementes e estacas • Colheita e manejo permanente

O curso será prático, com algumas aulas teóricas.

LOCAL
TIBÁ em Bom Jardim - RJ.
VAGAS LIMITADAS

8.10.07

"Ring Dome"





Imagens do Ring Dome de Minsuk Cho, pavilhão temporário construído para o ciclo Performance Z-A organizado pela Storefront for Art and Architecture.
Visitem o sítio web da Storefront para mais informações e não percam o vídeo da montagem do Ring Dome (em exposição até 5 de Novembro).